Haiti: ONU elogia acordo para conclusão 'rápida' de processo eleitoral em curso
14 fevereiro 2016
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, elogiou no último dia 7 de fevereiro o acordo alcançado pelas partes interessadas do Haiti, observando que a iniciativa contém disposições imediatas para preservar a continuidade institucional do país, bem como um roteiro para a rápida conclusão do ciclo eleitoral em curso.
“Reconhecendo que o acordo está no espírito da Constituição do Haiti, o secretário-geral apela a todos os atores envolvidos para implementá-lo, a fim de garantir a transferência democrática de poder para as autoridades eleitas”, disse Ban em um comunicado divulgado por seu porta-voz.
O chefe da ONU também encorajou todas as partes do Haiti a continuar se engajando em um diálogo construtivo para guiar seu país para um futuro estável e democrático, o que segundo ele é essencial para enfrentar os desafios da nação caribenha.
“O secretário-geral encoraja todos os atores a adotar medidas destinadas a promover a calma e estabilidade”, observou o comunicado, acrescentando que Ban Ki-moon reafirma o compromisso das Nações Unidas de fornecer o seu “total apoio” ao povo haitiano no cumprimento da sua aspirações democráticas.
No dia 29 de janeiro, o Conselho de Segurança da ONU havia encorajado todos os atores políticos relevantes a chegar a um acordo, após o adiamento indefinido da rodada final das eleições no Haiti – inicialmente prevista para 27 de dezembro de 2015.
Seca e fome preocupam
O terceiro ano consecutivo de seca no Haiti, agravada pelo fenômeno global climático 'El Niño', tem empurrado as pessoas ainda mais para a pobreza e a fome, com o número de pessoas sofrendo “severamente” com insegurança alimentar duplicando, disse esta semana o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA).
Cerca de 3,6 milhões de haitianos estão enfrentando a insegurança alimentar, entre eles mais de 1,5 milhão de pessoas que estão em “insegurança alimentar grave”. Esta é uma das principais conclusões de uma avaliação realizada pelo PMA, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e pela Coordenação Nacional de Segurança Alimentar do Haiti.
“Sem chuva para a temporada da primavera de 2016, os agricultores vão perder a sua quarta safra consecutiva da qual normalmente dependem para alimentar suas famílias”, alertou Wendy Bigham, vice-diretor do PMA no Haiti, em um comunicado.
“Precisamos ajudá-los a satisfazer as suas necessidades imediatas e ajudar a construir a sua capacidade de resiliência”, acrescentou.
Segundo a agência da ONU, a principal colheita em 2015 ficou abaixo da média, com perdas de até 70% em algumas áreas. Esta situação está ameaçando severamente a segurança alimentar no Haiti, onde a agricultura emprega metade da população atualmente em atividade. Cerca de 75% dos haitianos vivem com menos de 2 dólares por dia.
Além disso, o atual fenômeno El Niño, que começou no início de 2015, é um dos mais fortes já registrados e está afetando a segurança alimentar das populações vulneráveis em todo o mundo, incluindo no Haiti.
Em algumas áreas do país, até 70% da população está enfrentando a fome. Um estudo recente realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Governo do Haiti revelou que as taxas de desnutrição estão acima dos níveis de emergência em vários municípios.