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Síria: ONU prevê aumento de ajuda humanitária em junho para áreas sitiadas

09 junho 2016

Menina deslocada pelo conflito em curso na Síria fora de um abrigo para deslocados na cidade de Alepo. Foto: UNICEF
Legenda: Menina deslocada pelo conflito em curso na Síria fora de um abrigo para deslocados na cidade de Alepo. Foto: UNICEF





Após o mês de maio ter sido um “mês muito ruim” para a força-tarefa humanitária, o principal conselheiro das Nações Unidas para a crise, Jan Egeland, afirmou no início de junho que este mês poderá ser “muito melhor”.



A fala foi feita em Genebra, na conclusão de uma reunião da força-tarefa humanitária criada pelo Grupo Internacional de Apoio à Síria (ISSG), um dia após a cidade de Darayya receber suprimentos, pela primeira vez, desde que foi sitiada, em 2012.



O plano é alcançar até 11 áreas nos próximos dias, sendo que três delas ainda inalcançadas pela força-tarefa, e prevê poder alcançar todas as 19 áreas listadas pelo ISSG utilizando diversos modos de entrega. Desde o início do ano, 14 das 19 áreas receberam ajuda.



“No total, 592 mil pessoas estão agora em áreas sitiadas, e não é um bom sinal termos de adicionar pessoas a essa lista. Mas uma das razões que estamos adicionando pessoas à lista é que estamos tendo acesso e uma melhor avaliação da situação nessas áreas”, afirmou o representante da ONU, ao observar a recente adição da área de Al Wae'r à lista.



Em 15 das áreas avaliadas, se o acesso não for concedido, operações com helicópteros serão a única opção viável, disse o Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA), observando que lançamentos aéreos de alta altitude podem alcançar mais de 20 mil pessoas que estão presas em Foah, Kafraya (Idlib) e Deir Ez-Zour.



Durante o mês de maio, apenas dois locais e 20 mil pessoas foram alcançados por terra, representando apenas 3,4% do total da população sitiada.



A fim de implementar o plano, será necessário dispor de financiamento e de todas as autorizações necessárias, disse o PMA.



Apesar desse otimismo, o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Stephen O'Brien, alertou o Conselho de Segurança que o “espaço de manobra para os atores humanitários está encolhendo” na Síria.



O chefe humanitário da Organização mostrou preocupação especial com pessoas presas nas cidades de Mare'a e Sheikh Issa, em decorrência do avanço das forças do ISIL/Da'esh, e com as pessoas na região leste de Alepo.



Ele também lembrou ao Conselho que as necessidades são mais agudas em locais sitiados, e que a única solução sustentável é o fim completo de todos os cercos.



“O cerco não é uma consequência natural ou necessária do conflito, é uma política deliberada das partes, e que pode ser desfeita se houver vontade política”, disse ele.



Lembrando o início do mês sagrado do Ramadã, O'Brien estimulou todas as partes em conflito para que, além de refletir sobre, usem o momento para aplicar os valores centrais do Islã – caridade, misericórdia e paz –, com o propósito de “melhorar a situação dos civis inocentes que sofrem tão terrivelmente neste conflito”.


Alerta para ataques recentes





Nas últimas semanas, de acordo com especialistas independentes da ONU, milhares de civis foram encurralados em ofensivas por parte do ISIL/Da'esh na região de Alepo, e cerca de 13,5 mil na região da cidade de Mare'a.



A ofensiva do grupo terrorista às cidades de Kiljibrin e Kafr Kalbein deixou cerca de 6 mil civis presos nas duas cidades.



Cerca de 165 mil pessoas deslocadas internamente ainda estão retidas na fronteira turca, em assentamentos atingidos por bombardeios e ataques aéreos que deixaram dezenas de civis mortos ou feridos desde o início do ano.



Agências humanitárias e ONGs evacuaram alguns funcionários, diminuindo a assistência essencial, cuidados médicos e programas humanitários para deslocados internos e outros civis. Pelo menos três trabalhadores humanitários teriam sido gravemente feridos em áreas próximas ao conflito.



O relator especial da ONU sobre Execuções Extrajudiciais, Sumárias ou Arbitrárias, Christof Heyns, disse que há relatos de execução de famílias por militantes do ISIL/Da'esh, e que pessoas na área de conflito também teriam sido presas por suspeição de pertencer a grupos de oposição.



Os especialistas pediram a interrupção da violência para permitir que os civis presos deixem as áreas de conflito de forma rápida e segura.



“Precisamos que todas as partes permitam a livre circulação de civis e acesso humanitário. Acima de tudo, precisamos que a luta pare e uma solução política comece”, afirmou o chefe humanitário da ONU, Stehphen O'Brien.