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Na Assembleia Geral da ONU, chefes de Estado de Israel e Palestina falam sobre conflito

23 setembro 2016

O presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discursando durante a 71ª sessão da Assembleia Geral. Foto: ONU / Cia Pak
Legenda: O presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discursando durante a 71ª sessão da Assembleia Geral. Foto: ONU / Cia Pak





Em seu discurso na Assembleia Geral na quinta-feira (22), o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, solicitou aos líderes mundiais reunidos na 71ª sessão que declarem 2017 como o “ano internacional para acabar com a ocupação israelense na Palestina”.



Ele pediu todos os esforços para pôr fim a décadas de injustiça imposta ao povo palestino, bem como para proporcionar uma oportunidade única à paz, à estabilidade e à coexistência na região.



Abbas declarou que “não há nenhuma maneira de derrotar o terrorismo e o extremismo, de alcançar a segurança e a estabilidade na região sem o fim da ocupação israelense na Palestina e sem garantir a liberdade e independência do povo palestino”.



“A nossa mão continua estendida para a paz”, continuou ele, questionando se há, em Israel, alguma liderança que deseja efetivamente alcançar uma verdadeira paz e abandonar a mentalidade da hegemonia, do expansionismo e da colonização – ou se “irá reconhecer os direitos do povo palestino e acabar com a injustiça histórica infligida sobre ele”.



O presidente disse que os Acordos de Oslo, de 1993, foram destinados ao fim da ocupação e a alcançar a independência do Estado da Palestina dentro de cinco anos, mas Israel os descumpriu e, atualmente, persiste com a ocupação e continua expandindo os empreendimentos dos assentamentos ilegais, que comprometem a realização da solução dos dois Estados com base nas fronteiras de 1967.



“Os assentamentos são ilegais em todos os aspectos e em qualquer manifestação”, disse ele, pedindo que os membros permanentes do Conselho de Segurança não vetem uma resolução sobre os assentamentos de Israel e o terror propagado pelos israelenses.



Abbas também destacou que Israel continua em suas tentativas de escapar de uma conferência internacional para a paz, proposta pela França, que recebeu o apoio da maioria dos países.



“Continuamos acreditando que tal conferência levará à criação de um mecanismo e um calendário definido para o fim da ocupação”, disse ele, pedindo apoio para a convocação desta reunião antes do final deste ano.



“Não há conflito entre nós e a religião judaica e seu povo”, disse Abbas, acrescentando que “o conflito é com a ocupação israelense em nossa terra”.



“Nós respeitamos a religião judaica e condenamos a catástrofe que se abateu sobre o povo judeu na Segunda Guerra Mundial na Europa, e vemos como um dos crimes mais hediondos cometidos contra a humanidade”, continuou.



Ele lembrou ainda que faz 100 anos desde a Declaração de Balfour, em que a Grã-Bretanha deu – sem qualquer direito, autoridade ou consentimento de ninguém – a terra da Palestina a outro povo, afirmando que isso pavimentou o caminho para a catástrofe (Nakba) do povo palestino e para as expropriações e deslocamento de suas terras.



Segundo Abbas, a Grã-Bretanha deve ter a sua responsabilidade “histórica, jurídica, política, material e moral para as consequências dessa declaração”, e pediu que as autoridades se desculpem com o povo palestino devido “às catástrofes, misérias e injustiças que criaram, e ajam para corrigir essa crise histórica e remediar as suas consequências, incluindo através do reconhecimento do Estado da Palestina”.


Conflito ‘nunca foi sobre assentamentos ou Estado palestino’, diz primeiro-ministro israelense





Tomando o pódio da Assembleia Geral logo após Abbas ter discursado, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por sua vez, disse que o conflito entre Israel e Palestina nunca foi sobre assentamentos ou sobre o estabelecimento de um Estado palestino, declarando que “sempre foi sobre a existência de um Estado judeu [...] em qualquer limite”.



“O Estado de Israel está pronto, eu estou pronto para negociar todos os status finais, mas uma coisa que eu nunca vou negociar é o direito a um único estado judeu”, disse ele, convidando o presidente palestino a falar com o povo de Israel no parlamento do país, o Knesset, em Jerusalém, e se oferecendo a falar com o Parlamento palestino em Ramallah.



Netanyahu ressaltou que “a questão dos assentamentos é uma realidade que pode e deve ser resolvida no âmbito das negociações sobre o estatuto definitivo”.



Além disso, disse que, quase 70 anos após o renascimento de Israel, os palestinos ainda se recusam a reconhecer os direitos israelenses - “o direito a uma pátria, a um Estado e a qualquer coisa”.



Segundo ele, este continua sendo o verdadeiro cerne do conflito – “a persistente recusa palestina a reconhecer o Estado judeu em qualquer limite”. Ele acrescentou: “O conflito não é sobre os assentamentos. Ele nunca foi”.



“Quando os palestinos finalmente disserem 'sim' a um Estado judeu, nós seremos capazes de acabar com este conflito de uma vez por todas. Veja bem, os palestinos não foram apenas presos no passado, seus líderes estão envenenando o futuro”, acrescentou, acusando-os de fazerem lavagem cerebral em seus filhos, com oficiais pedindo que os palestinos “cortem as gargantas de israelenses quando encontrá-los”, disse.



“Este conflito violento acontece porque, para os palestinos, os assentamentos reais estão em Haifa, Jaffa e Tel Aviv”, declarou ele.



“Abbas, você tem uma escolha a fazer. Você pode continuar a atiçar o ódio como você fez hoje ou você pode finalmente enfrentá-lo e trabalhar comigo para estabelecer a paz entre nossos dois povos.”



O primeiro-ministro de Israel também fez críticas às Nações Unidas e ao Conselho de Segurança.



“A ONU, que começou como uma força moral, tornou-se uma farsa moral”, declarou ele, citando que, no ano passado, a Assembleia Geral passou 20 resoluções contra Israel e apenas três contra todos os outros países.



“E o que dizer da piada do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Todos os anos condena Israel mais do que todos os outros países juntos”, acrescentou.