Trabalho doméstico não remunerado representa até 39% do PIB dos países, diz ONU Mulheres
06 março 2017
O trabalho não remunerado de cozinhar, limpar a casa, cuidar de crianças e idosos, mais frequentemente realizado por mulheres, representa de 10% a 39% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países, lembrou a ONU Mulheres.
“Com o seu trabalho não remunerado, as mulheres dão uma enorme contribuição econômica que permite suprir as necessidades em matéria de serviços. Por que esse trabalho não é divido nem contabilizado?”, disse a entidade no domingo (5), na semana do Dia Internacional das Mulheres (8). Segundo a entidade, o trabalho doméstico não remunerado pode ter mais peso na economia de um país do que a indústria manufatureira ou o comércio.
“O trabalho de cuidado não remunerado e o trabalho doméstico suprem carências em matéria de serviços públicos e infraestrutura, e são realizados majoritariamente por mulheres”, disse a agência da ONU. “São uma carga e uma barreira injustas para a igualdade de participação no mercado de trabalho e na igualdade de remuneração.”
Segundo a organização, é necessário adotar políticas que permitam reduzir e redistribuir o trabalho doméstico não remunerado, por exemplo, mediante o aumento de empregos remunerados na economia de cuidado e incentivar os homens a dividir o trabalho de cuidado e o trabalho doméstico.
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Além disso, é preciso investir em infraestruturas básicas como fornecimento de água, eletricidade, transporte e outros com o objetivo de reduzir o trabalho doméstico.
A entidade lembrou ainda que, mesmo quando empregadas, as mulheres continuam ganhando menos que os homens, e permanecem sustentando o peso do trabalho de cuidado não remunerado e do trabalho doméstico.
“Alcançar o empoderamento econômico das mulheres requer uma mudança para dividir a prosperidade de forma equitativa, sem deixar ninguém para trás. A comunidade internacional assumiu esse compromisso na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.”
Segundo a entidade, todas as mulheres deveriam poder desfrutar o seu direito a um emprego decente.
Combate à discriminação
A agência da ONU lembrou ainda que a tecnologia e a ecologização das economias trazem novas oportunidades de trabalho para as mulheres. No entanto, é necessário corrigir as disparidades, dado que elas costumam ocupar mais frequentemente os empregos com baixa remuneração e são pouco representadas nos postos de direção, assim como nos setores de ciência e tecnologia.
Segundo a ONU Mulheres, metade da população economicamente ativa do mundo trabalha no setor de serviços, majoritariamente mulheres. Essa proporção alcança 77% da Ásia Oriental.
"As barreiras de gênero no trabalho estão enraizadas nas leis, normas sociais e políticas discriminatórias. Por exemplo, é possível que algumas políticas comerciais sirvam para explorar a mão de obra feminina barata. As políticas fiscais, muitas vezes, impõem limite de gasto com serviços que poderiam ajudar as mulheres a obter maior equilíbrio entre trabalho e família", disse a entidade.
Segundo a ONU Mulheres, é necessário adotar medidas políticas em caráter de urgência, para eliminar as barreiras que discriminam as trabalhadoras, além de propor educação e capacitação para elas, de forma a criar novas oportunidades no mundo do trabalho em constante mudança.