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Voluntários ajudam refugiados a reconstruir suas vidas na Alemanha

24 maio 2017





Na cidade de Neu Wulmstorf, no norte da Alemanha, cerca de 300 refugiados e solicitantes de asilo se reúnem mensalmente com os residentes do município para receber aconselhamento sobre trabalho, educação e moradia. Os encontros são organizados pela Welcome to Neu Wulmstorf, rede de apoio a vítimas de deslocamento forçado.



“Os refugiados são uma grande virtude”, diz Cornelia Meyer, de 44 anos, co-fundadora da instituição. “Eles trazem com eles um mundo muito amplo. Junto com eles, vem uma receptividade para o novo que não existia antes por aqui. Somos muitos voluntários neste grupo, e todos acolhemos os recém-chegados de coração. Nós nos sentimos muito realizados com esse trabalho."



Meyer é assistente social e decidiu lançar a Welcome to Neu Wulmstorf de forma voluntária, no verão de 2014, após ouvir que a população de refugiados da cidade estava prestes a crescer. Com o apoio do centro comunitário da cidade, ela recrutou um grupo de 40 moradores dispostos a fazer o que fosse necessário para deixar os estrangeiros se sentindo em casa.



Três anos depois, a rede está mais ativa do que nunca. Além de oferecerem assistência individual, os integrantes da organização também oferecem aulas de natação, workshops de reparos em bicicletas, cursos de idiomas, tardes de jogos, sessões de cinema e viagens curtas a atrações locais.



“Tive muita sorte por vir parar aqui”, conta o sírio Mohammad Al-Akily, que chegou a Neu Wulmstorf em dezembro de 2015, depois de ter deixado Hama, cidade onde residia em seu país de origem. “As pessoas aqui são muito amigáveis. Elas nos ajudam se temos dúvidas. Eu não esperava esse tipo de apoio. Sempre achei que teria que me virar sozinho. Mas é admirável que tantas pessoas aqui nos ajudem dessa forma."



Mohammad é grato principalmente aos voluntários Heino Rahmstorf e Thomas Bartens, dois alemães que no ano passado o ensinaram a nadar. Todos os sábados pela manhã, os três e um grupo de iniciantes praticavam mergulho e as modalidades de natação crawl e peito em uma piscina local.







Antes de aprender a nadar, o refugiado teve que superar a memória de uma experiência que quase o levou à morte no Mar Egeu. O bote lotado em que fazia a travessia do oceano afundou durante o percurso que leva da Turquia para a Grécia. Mesmo sem saber nadar, Mohammad conseguiu ficar mais de uma hora na água lutando para se manter na superfície até ser resgatado.



“No começo foi muito difícil, eu afundava o tempo todo”, conta Mohammad, ao lembrar das suas primeiras tentativas de nadar na piscina. “Eu tinha muito medo da água, mas era por isso que eu sabia que deveria aprender a nadar. Agora estou muito mais tranquilo e já até consegui nadar no mar."



Aprender a nadar não foi a única conquista de Mohammad em 2016. Com a ajuda de voluntários que oferecem aulas de idiomas, Mahammad está rapidamente atingindo o nível de alemão de que precisa para reingressar na universidade, onde ele quer estudar engenharia.


A dinâmica da sociedade civil da Alemanha

contribuiu de forma significativa para enfrentar

os desafios que surgiram com a chegada de

tantas pessoas com necessidade de proteção.





Ele espera voltar para a Síria, onde seus irmãos e pais continuam vivendo. “Espero que um dia o meu país fique em paz e que eu possa voltar para ajudar a reconstruí-lo”, afirma. “Temos sempre que ter esperança, é o mínimo que podemos fazer."



Enquanto espera pela paz, o refugiado está feliz por poder contar com o apoio do povo alemão. “Aparentemente, muitos recém-chegados se sentem em casa aqui”, aponta o outro fundador da rede de voluntariado, Hannelore Schade, de 54 anos. “As pessoas sabem que sempre podem vir aqui e que nós sempre faremos o possível para ajudar", acrescenta. Além de sírios, a organização também ajuda iraquianos, afegãos e refugiados de outras nacionalidades.



Katharina Lumpp, representante da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) na Alemanha, disse que a grande quantidade de voluntários no país contribuiu para atender as demandas trazidas pelas chegadas dos refugiados.



“A dinâmica da sociedade civil da Alemanha contribuiu de forma significativa para enfrentar os desafios que surgiram com a chegada de tantas pessoas com necessidade de proteção”, explica.



“Os voluntários se sentem muito valorizados”, diz Schade. “Todos sabem que seu trabalho é um fator fundamental para o processo de integração local. E quando os voluntários têm o seu trabalho reconhecido, eles têm vontade de fazer ainda mais."