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Conferência sobre os Oceanos 2017: perguntas e repostas

05 junho 2017

[caption id="attachment_124058" align="alignnone" width="810"]Em praia no Rio de Janeiro, celebração de Iemanjá, a deusa do mar – uma das tradições locais brasileiras. Foto: ONU/Sebastião Barbosa (janeiro de 1991) Em praia no Rio de Janeiro, celebração de Iemanjá, a deusa do mar – uma das tradições locais brasileiras. Foto: ONU/Sebastião Barbosa (janeiro de 1991)[/caption]



Entre os dias 5 e 9 de junho a ONU realizará em sua sede em Nova Iorque a Conferência sobre os Oceanos. O evento reúne os principais chefes de Estado e de Governo do mundo, bem como representantes de organizações que trabalham com o tema, para apoiar a implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14: conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.



Confira as principais questões sobre o evento global – e suas respostas – abaixo.


Por que precisamos de uma conferência sobre os oceanos e por que devo me preocupar com os oceanos?





Os oceanos importam a todos, não importa onde você mora ou o que você faz. Bilhões de pessoas dependem dos oceanos como fonte primária de alimentação e milhares de outras tiram seu sustento dos mares.



As principais atividades econômicas, como turismo e comércio, dependem de oceanos saudáveis. Oceanos são os principais reguladores do clima global. Eles fornecem metade do oxigênio que respiramos e absorvem um terço do dióxido de carbono que produzimos.



Nós também nos importamos com os oceanos e podemos ter um papel importante na garantia de sua saúde e sustentabilidade. As mudanças climáticas, por exemplo, continuam a levar – entre outros fatores – ao aumento do nível do mar e ao aumento na ocorrência de climas extremos, que ameaçam diretamente a vida de comunidades costeiras, especialmente nos pequenos países insulares.



O aumento do nível do mar em meio metro pode desalojar 1,2 milhão de pessoas no Caribe e nos oceanos Índico e Pacífico; este número dobra se o nível do mar subir dois metros.



A Conferência sobre os Oceanos, o primeiro grande evento da ONU sobre o tema, é uma oportunidade importante para a adoção de medidas urgentes e concretas para reverter o declínio da saúde dos nossos oceanos e mares com soluções efetivas. Será nossa chance de traçar um caminho mais sustentável para o futuro dos nossos oceanos e nosso planeta.


Em um mundo assolado por conflitos, terrorismo e estagnação econômica, por que tanta urgência com os oceanos?





Nossos oceanos estão em apuros. Atividades humanas têm um impacto enorme sobre eles, afetando tudo: da viabilidade dos habitats marinhos à qualidade e temperatura da água; a saúde da vida marinha e a manutenção do fornecimento de peixes e frutos do mar, importante fonte de proteína para muitas pessoas.



Comprometer os oceanos significa comprometer as pessoas. A saúde humana, a prosperidade econômica e um clima estável dependem da saúde dos oceanos. Agir agora sobre os problemas dos oceanos é avançar na promoção do desenvolvimento sustentável, essencial para um mundo mais igualitário e pacífico.


Por que frequentemente usamos o termo “oceano” se temos cinco oceanos?





Existe apenas um oceano global, um organismo vasto de água que cobre mais de 70% da superfície da terra – águas que fluem e se misturam em todo o globo terrestre. A poluição do oceano pode aparecer em qualquer lugar.



Os oceanos que costumamos nomear – Ártico, Pacífico, Atlântico, Índico e Antártico – são mais adequados para descrever regiões oceânicas. Depois, temos uma variedade de sub-regiões que fluem em mares, baías, estuários e assim por diante.


Já tivemos conferência sobre os oceanos antes. O que faz esta particularmente importante?





Tem havido mais interesse e atividades relacionadas aos oceanos. Esta é uma hora importante para aproveitar e manter este momento. A Conferência sobre os Oceanos marca a primeira vez que os países concordaram em realizar uma conferência na ONU dedicada ao alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 14, que trata da saúde dos oceanos. As Nações Unidas trazem uma dimensão global para o tema.


O que a Conferência vai alcançar?





A Conferência sobre os Oceanos será o primeiro passo para reverter o declínio dos nossos oceanos. A Conferência reunirá todos os grupos que têm uma participação importante na saúde dos oceanos, incluindo governos, o Sistema ONU, outras organizações intergovernamentais, instituições financeiras internacionais, organizações não governamentais, sociedade civil, instituições acadêmicas, a comunidade científica, o setor privado, organizações filantrópicas e outros atores relevantes.



A Conferência não servirá apenas como um lugar para chamar atenção sobre a condição dos nossos oceanos, mas produzirá um chamado global por ação e gerará novos diálogos e parcerias destinados a implementar soluções.



Além disso, muitos participantes devem anunciar e registrar no site da Conferência novas iniciativas – os chamados compromissos voluntários –, adotadas individualmente ou em parceria, enquanto outros apresentarão progressos e desafios de programas e iniciativas já existentes.


A ONU espera resoluções ou compromissos concretos?





Três resultados cruciais são esperados da Conferência dos Oceanos. Os Estados-membros adotarão um “Apelo para a ação” por consenso. Será uma declaração concisa, focada e concreta para determinar o rumo para um futuro mais sustentável para nossos oceanos. Mas a Conferência não é apenas sobre o que os governos podem fazer sobre o assunto. É também sobre como todos nós podemos contribuir e fazer a nossa parte, independente do nosso tamanho.



Durante um encontro preparatório em fevereiro deste ano, as Nações Unidas lançaram um processo para registro online de compromissos voluntários para a implementação do ODS 14. Estes compromissos são iniciativas adotadas, individualmente ou em parceria, por qualquer ator, incluindo governos, o Sistema ONU, instituições financeiras, sociedade civil, instituições acadêmicas e de pesquisa, comunidade científica e o setor privado.



Eles podem incluir várias iniciativas locais, regionais ou globais sobre diversos pontos do ODS 14, desde esforços para proteção do ambiente marinho, controle de poluição marinha até o impacto da acidificação dos oceanos. A lista será incluída no relatório da Conferência.



O relatório da Conferência também incluirá resumos dos diálogos de parceria, que irão lidar com todos os objetivos do ODS 14 e que se destinam a fortalecer cooperação, aumentar e replicar iniciativas bem-sucedidas já existentes e lançar parcerias novas e concretas que ajudem na implementação deste ODS.


Em quais áreas precisamos progredir?





Há muitas ações que podemos fazer agora, incluindo esforços para prevenir e limpar a poluição marinha, como crescentes ilhas de lixo plástico que estão circulando pelos oceanos. É necessário ação urgente para reduzir a poluição terrestre, responsável por 80% da poluição marinha, incluindo redução de resíduos de agricultura que acabam escoando para os oceanos e provocam “zonas mortas”.



Também é necessário agir para acabar com práticas de pesca excessiva, ilegal, não regulada e destrutiva. Precisamos adotar medidas para o manejo sustentável, proteção e conservação marinha e dos ecossistemas costeiros ao implementar medidas de conservação baseadas na comunidade e educando e aumentando a conscientização das pessoas.



Precisamos implementar o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas – precisamos reduzir as emissões que estão causando mudanças nos nossos oceanos e adotar medidas que tragam resiliência aos impactos da acidificação dos oceanos e das mudanças do clima, como o aumento do nível do mar. As metas do ODS 14 apontam as áreas em que o progresso é necessário: http://onu.evah.io/tema/ods14.


Como a mudança climática impacta os oceanos?





Por conta da mudança do clima, o nível do mar está subindo, provocando erosão na costa e ameaçando comunidades costeiras. Também temos visto com maior frequência e intensidade condições climáticas extremas. Os oceanos estão aquecendo e isto já está provocando impacto na biodiversidade marinha, como os recifes de corais.



Mudanças na temperatura dos oceanos afetam padrões migratórios de muitas espécies de peixe, que acabam migrando para águas mais frias. Além disso, a acidificação dos oceanos aumentou, como resultado de aumento na absorção de dióxido de carbono, representando mais ameaças para conchas, bancos de corais e plâncton de calcário, que são a base de boa parte da cadeia alimentar marinha.


O quão poluído são os nossos oceanos?





A cada ano, mais de 8 milhões de toneladas de plástico vão para os oceanos, provocando danos na vida marinha, pesqueira e no turismo e causando pelo menos 8 bilhões de dólares de danos nos ecossistemas marinhos. Estima-se que lixo plástico mate até 1 milhão de pássaros marinhos, 100 mil mamíferos que vivem próximos dos mares e uma quantidade incontável de peixes todos os anos. O plástico permanece no nosso ecossistema por anos, afetando milhares de criaturas marinhas todos os dias.



Precisamos agir agora para eliminar as principais fontes de lixo marinho, inclusive por meio de políticas, esforços de reciclagem e meios de consumo mais responsáveis, para prevenir o dano irreversível que está sendo feito nos nossos oceanos.



Se não agimos agora – e se continuarmos, nessa mesma proporção, despejando itens como garrafas de plástico, sacos e copos após um único uso –, em 2050 os oceanos terão mais plástico do que peixe. Além disso, cerca de 99% das aves marinhas terão ingerido plástico.


A reciclagem realmente ajuda a reduzir a poluição de plásticos nos oceanos?





Sim. Uma vez que 60 a 90% do lixo marinho é constituído por diferentes polímeros de plástico, uma das principais soluções para combater a poluição marinha em nossos oceanos seria reduzir nossa ‘pegada de plástico’ – o uso de plástico por pessoa –, inclusive através de esforços para reutilizar e reciclar todo o plástico em vez de jogá-los fora depois de um uso, bem como implementar uma melhor coleta de lixo em nossas costas.



Estimativas recentes mostram que o nosso mundo produziu cerca de 322 milhões de toneladas de plástico em 2015 – e cerca de 8 milhões de toneladas acabaram nos nossos oceanos. A reciclagem é uma das principais maneiras pelas quais todos podemos fazer nossa parte para enfrentar esse desafio global e reduzir a poluição.



Não jogue simplesmente o plástico fora; reduza, reutilize, recicle e repense seus hábitos de consumo. Descartar o plástico é um grande problema e não uma solução; o lixo não vai simplesmente sumir.


Como a Conferência contribuirá para a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável?





A Conferência sobre os Oceanos é dedicada a apoiar a implementação do ODS 14, que se concentra nos esforços para conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos.



A ação em apoio a este objetivo apoiará os esforços de implementação de todos os 17 objetivos, em geral. Os oceanos saudáveis contribuem diretamente para a erradicação da pobreza, segurança alimentar, saúde, água potável, energia renovável, meios de subsistência sustentáveis e trabalho decente, crescimento econômico e regulação climática.


Como posso acompanhar o encontro?





Pelo site http://onu.evah.io/tema/ods14 ou ao vivo pela TV ONU, em http://webtv.un.org. O site oficial do evento é o https://oceanconference.un.org.