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Condições de vida em Gaza estão ‘cada vez mais deploráveis’, alerta ONU

13 julho 2017

Menina palestina dentro da casa parcialmente destruída de sua família, olha a destruição no bairro de Shejaiya, em Gaza. Foto: UNICEF
Legenda: Menina palestina dentro da casa parcialmente destruída de sua família, olha a destruição no bairro de Shejaiya, em Gaza. Foto: UNICEF





Dez anos após a ocupação do Hamas na Faixa de Gaza, as condições de vida de 2 milhões de pessoas no enclave palestino têm se deteriorado ainda mais rápido do que a previsão feita em 2012. À época, um documento da ONU afirmara que o território se tornaria “inabitável” até 2020.



As informações são do relatório “Gaza – 10 anos depois”, divulgado pelas Nações Unidas nesta terça (11).



“Gaza continuou sua trajetória de ‘des-desenvolvimento’, em muitos casos, ainda mais rápido do que o projetado inicialmente”, disse o coordenador para ajuda humanitária e atividades de desenvolvimento da ONU, Robert Piper.



O Hamas tomou Gaza em um conflito na Palestina, em 2007. Israel buscou isolar o grupo, restringindo o movimento de bens e pessoas dentro e fora da faixa. Ele também foi administrativamente isolado da Cisjordânia.



O relatório, compilado pela equipe das Nações Unidas no Território Palestino Ocupado, fez um balanço de alguns indicadores-chave, identificados em um relatório anterior da ONU de 2012, prevendo que Gaza se tornaria “inabitável” em 2020 caso as tendências implícitas ao conflito não fossem revertidas.



O novo documento identificou uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) per capita, além da diminuição da prestação de serviços de saúde em Gaza, onde os palestinos estão presos em uma “triste realidade” e a vida diária “está se tornando cada vez mais deplorável”.



No documento, a ONU pede que Israel, a Autoridade Palestina, o Hamas e a comunidade internacional tomem medidas para investir no desenvolvimento sustentável, revitalizar os setores produtivos de Gaza, melhorar a livre mobilidade de pessoas e bens, bem como respeitar os direitos humanos e as leis internacionais.



“A alternativa será uma Gaza mais isolada e mais desesperadora”, alertou Piper. “A ameaça de uma deterioração renovada e ainda mais devastadora irá aumentar, e as perspectivas para a reconciliação entre os palestinos serão ainda menores, bem como as perspectivas de paz entre Israel e Palestina.”



Devido, em grande parte, a uma série de serviços prestados pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), a Faixa de Gaza manteve padrões elevados de educação, mas o tempo médio diário em sala de aula permanece baixo, em torno de quatro horas.



A projeção anterior, de que o aquífero costeiro se tornaria inutilizável em 2016, foi revisada para até o final de 2017. Assim, a única fonte de água em Gaza deverá ser irreversivelmente esgotada até 2020, a menos que sejam tomadas medidas imediatas.



O acesso a materiais – necessário para permitir que a economia, a infraestrutura e os serviços básicos de Gaza se recuperem do conflito de 2014 – permanece altamente restrito.



O fornecimento de energia – neste ano, “a deterioração mais visível nas condições de vida em Gaza” – está abaixo de 90 megawatts nos últimos dias, contra os 450 megawatts necessários. “A ajuda humanitária contínua, especialmente pelos serviços do UNRWA, está ajudando a diminuir essa queda, mas o declínio continua claro”, afirmou Piper.



Na última segunda (10), a ONU e organizações não governamentais conduziram uma visita de campo a Gaza, que contou com nove membros das comunidades diplomáticas da Austrália, Canadá, União Europeia, Alemanha, Turquia e Reino Unido. Eles viram em primeira mão o impacto cumulativo de dez anos de bloqueio e de divisão interna.