Notícias

‘O documento mais importante do mundo’, diz autora de livro sobre Declaração dos Direitos Humanos

11 dezembro 2017

[caption id="attachment_133617" align="alignright" width="400"]Ruth Rocha, autora do livro ‘Declaração Universal dos Direitos Humanos’. Foto: Vania Toledo Ruth Rocha, autora do livro ‘Declaração Universal dos Direitos Humanos’. Foto: Vania Toledo[/caption]



Para a escritora Ruth Rocha, falar mal dos direitos humanos é um atestado de desinformação. Em 1986, em coautoria com o ilustrador Otavio Roth, ela lançou o livro voltado para crianças “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, adaptação do documento que completou 69 anos no último domingo (10) e que Rocha considera como um “alicerce da humanidade”.



“O pessoal que fala mal de direitos humanos não entende nada sobre direitos humanos, sobre ética ou moral. E certamente esse pessoal não leu a Declaração. Acredito que esse é o documento mais importante do mundo, capaz de despertar nas pessoas a bondade e a solidariedade. Por isso, antes de falar mal é preciso se instruir, é preciso se informar”, disse Rocha, em entrevista para o Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).



Parece uma tarefa difícil traduzir para a linguagem infantil um documento com 30 artigos e que segue como base jurídica para estabelecer direitos e deveres no mundo inteiro.



Mas, para uma escritora experiente como Ruth Rocha, é mais fácil quando se entende a grande capacidade de compreensão e discussão do público juvenil.



Aos 86 anos, ela já escreveu cerca 150 livros para público infantojuvenil, adaptando textos clássicos como a Ilíada e a Odisseia, de Homero.



“Não foi tão difícil adaptar a Declaração para as crianças. Além da minha experiência com os textos infantis, o documento é muito direto e claro. Criança compreende tudo. Acredito que qualquer assunto pode ser discutido com elas, desde que feito de maneira clara, paciente e responsável”, afirmou a escritora.



Rocha contou que o livro foi idealizado pelo artista plástico Otávio Roth, a partir de um pedido do então secretário-geral da ONU Kurt Waldheim para aproximar o documento das crianças e jovens.



“Aceitei participar do projeto porque me interessava muito em falar sobre os direitos humanos em uma linguagem acessível para as crianças. Estávamos saindo de uma ditadura militar e as questões sobre direitos humanos eram muito pungentes”, afirma a autora.



A obra ilustrada por Roth já foi traduzida para vários idiomas e utilizada por diferentes braços institucionais das Nações Unidas para difundir os direitos fundamentais para crianças de todas as idades.



Mas essa não foi a primeira contribuição do artista para os direitos humanos. Sua filha, Isabel Roth, hoje curadora do seu acervo, conta que o ilustrador elaborou, durante dois anos, uma série de 30 xilogravuras de grandes dimensões em norueguês com o texto integral dos artigos e ilustrações simbólicas e singelas. Com essa obra, ele foi o primeiro artista vivo a expor na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.



“A força motriz do trabalho de Otávio sempre foi o desejo de democratizar o acesso a essas informações e sensibilizar, de forma lúdica, o grande público para os temas relativos aos direitos humanos”, disse Roth.



[gallery type="slideshow" size="full" link="none" ids="133618,133619,133620,133621,133622"]



Para ela, que também cresceu lendo as histórias de Rocha, introduzir crianças e adolescentes desde cedo nessas discussões contribui para a formação de indivíduos socialmente mais conscientes e politicamente responsáveis.



“Como curadora e filha de Otávio, leitora e sobrinha de Ruth, tenho muito respeito e admiração pela forma com que eles se engajaram na educação das gerações mais novas, em um sincero gesto de cidadania e carinho pela nossa sociedade e nosso futuro comum.”



Roth lembrou ainda que, além da adaptação da Declaração Universal dos Direitos Humanos para crianças, eles escreveram o livro “Azul e Lindo Planeta Terra, Nossa Casa”, também sob encomenda da ONU, para falar sobre sustentabilidade para o público infantil, quando o conceito ainda era pouco conhecido, inclusive entre o público adulto.



“Acho que essa é uma forma muito responsável e humana dos autores lidarem com o público: se houve a preocupação em comunicar esses temas às crianças, foi porque Ruth e Otávio entendiam o potencial transformador que esses conhecimentos poderiam representar na vida de seus pequenos leitores e, mais ainda, o impacto que esses indivíduos poderiam gerar no mundo”, ressaltou a curadora.



Publicado pela Editora Salamandra no Brasil, o livro ‘Declaração Universal dos Direitos Humanos’ já está em sua 11ª edição. No último domingo, 10 de dezembro, as Nações Unidas marcaram o Dia Internacional dos Direitos Humanos, data em que a Assembleia Geral da ONU adotou, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que completa 70 anos em 2018.



Informações adicionais sobre o livro estão aqui.