ONU: incêndio no Museu Nacional é 'perda inestimável' para o Brasil e o mundo
05 setembro 2018
- Lembrando que o Museu Nacional é "uma das instituições científicas e antropológicas mais importantes da América Latina", com mais de 20 milhões de itens, o escritório da UNESCO no Brasil lamentou o que descreveu como "a maior tragédia para a cultura brasileira nos últimos tempos". Em nota, a agência da ONU afirma que o ocorrido "expõe a fragilidade dos mecanismos nacionais de preservação de seus bens culturais".
O coordenador-residente da ONU Brasil, Niky Fabiancic, lamentou nesta segunda-feira (3) a destruição do Museu Nacional do Rio de Janeiro, atingido por um incêndio na noite de domingo. Episódio foi "perda inestimável de um acervo tão precioso para o país e o mundo", afirmou o dirigente. Para a representação da UNESCO, incidente "expõe fragilidade" dos mecanismos nacionais de preservação de bens culturais.
"É com profundo pesar que tomamos conhecimento do incêndio que destruiu o Museu Nacional, instituição científica mais antiga do país, instalada em um prédio com 200 anos de história", disse Fabiancic na manhã de hoje, em evento na capital fluminense.
"Solidarizamo-nos com a Cidade do Rio de Janeiro e com todo o Brasil diante da perda inestimável de um acervo tão precioso para o país e o mundo. Instamos todos os segmentos do Estado e da sociedade brasileira para que protejam o patrimônio histórico-cultural do Brasil de forma que tragédias semelhantes não se repitam", acrescentou o representante das Nações Unidas.
"A riqueza cultural e natural de um país importa a todos os países."
UNESCO: incêndio é 'maior tragédia para a cultura brasileira nos últimos tempos'
Lembrando que o Museu Nacional é "uma das instituições científicas e antropológicas mais importantes da América Latina", com mais de 20 milhões de itens, o escritório da UNESCO no Brasil lamentou o que descreveu como "a maior tragédia para a cultura brasileira nos últimos tempos". Em nota, a agência da ONU afirma que o ocorrido "expõe a fragilidade dos mecanismos nacionais de preservação de seus bens culturais".
"A tragédia se soma a outras perdas expressivas em museus brasileiros como foram recentemente os casos do Instituto Butantã (2010), do Memorial da América Latina (2013), do Museu da Língua Portuguesa (2015) e da Cinemateca (2016)", recorda o pronunciamento do organismo.
"O Brasil sofreu um dano irreversível em um de seus patrimônios mais valiosos, um equipamento não apenas cultural, mas também dedicado ao ensino e à pesquisa. Além disso, a edificação do Museu é um monumento histórico, que foi residência da Família Real Portuguesa quando de sua chegada ao país", completa o comunicado sobre o incêndio no Rio de Janeiro.
A UNESCO ressalta ainda que, em novembro de 2015, com o apoio do Brasil, a 38ª sessão da Conferência Geral da UNESCO aprovou a Recomendação à Proteção e Promoção de Museus e Coleções, sua Diversidade e seu Papel na Sociedade, amplamente divulgada no país latino-americano. De acordo com a agência das Nações Unidas, a adoção do documento foi um movimento pela proteção dos museus em todo o mundo, como “instituições que buscam representar a diversidade cultural e natural da humanidade, assumindo papel essencial na proteção, na preservação e na transmissão do patrimônio”.
“É fundamental que tais recomendações sejam implementadas imediatamente para evitar que tais tragédias ocorram, comprometendo a cultura e a memória nacional de forma irreparável”, defende a diretora e representante da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.
Na avaliação do organismo das Nações Unidas, a destruição do Museu é uma "perda incalculável para a cultura, a ciência e a história natural".
"A UNESCO no Brasil expressa sua solidariedade à nação brasileira, às comunidades científica e cultural, e aos funcionários e pesquisadores do Museu Nacional pela dramática perda. Ao mesmo tempo, a Representação se coloca integralmente à disposição das autoridades brasileiras para, com sua expertise, minimizar os efeitos dessa perda e contribuir para consolidar uma política de proteção aos museus e às coleções", conclui a nota da agência.