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UNICEF: metade dos adolescentes no mundo são vítimas de violência na escola

10 setembro 2018

Em Villanueva, Honduras, o jovem de 16 anos, Darwin, lembra de seu colega Henry, que se suicidou em setembro de 2016. De acordo com um professor, os dois amigos sofriam bullying. Foto: UNICEF/Adriana Zehbrauskas
Legenda: Em Villanueva, Honduras, o jovem de 16 anos, Darwin, lembra de seu colega Henry, que se suicidou em setembro de 2016. De acordo com um professor, os dois amigos sofriam bullying. Foto: UNICEF/Adriana Zehbrauskas





Em todo o mundo, metade dos estudantes entre 13 e 15 anos de idade – cerca de 150 milhões de jovens – já foram vítimas de violência por parte de seus colegas. Episódios de agressão aconteceram dentro e fora do ambiente escolar. É o que revela um relatório divulgado neste mês (6) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).



Globalmente, entre a faixa etária analisada, pouco mais de um em cada três alunos sofre bullying. De acordo com a agência da ONU, a mesma proporção está envolvida em brigas corporais. Em 39 países ricos, três em cada dez estudantes industrializados admitem ter praticado bullying com seus colegas.



Embora meninas e meninos tenham o mesmo risco de sofrer bullying, as estudantes estão mais propensas a ser vítimas de violência psicológica, ao passo que os rapazes enfrentam um risco maior de agressões físicas e ameaças.



A pesquisa do UNICEF alerta ainda para formas institucionalizadas de violência. Segundo o levantamento, quase 720 milhões de crianças e adolescentes em idade escolar vivem em países onde o castigo corporal nos colégios não é totalmente proibido.



"Todos os dias, os estudantes enfrentam vários perigos, incluindo brigas, pressão para participar de gangues, bullying – presencialmente e on-line –, disciplina violenta, assédio sexual e violência armada”, afirma a diretora-executiva do UNICEF, Henrietta Fore.



“Em curto prazo, isso afeta seu aprendizado e, em longo prazo, pode levar à depressão, à ansiedade e até ao suicídio. A violência é uma lição inesquecível que nenhuma criança precisa aprender.”



O relatório observa que a violência envolvendo armas nas escolas, como facas e revólveres, continua a tirar vidas. A análise explica ainda que, em um mundo cada vez mais digital, os agressores estão disseminando conteúdo violento, ofensivo e humilhante com o toque de uma tecla.



Para pôr fim à violência escolar, o UNICEF compilou uma série de recomendações a governos e gestores:


  • Implementar políticas e legislação para proteger os estudantes da violência nas escolas;

  • Fortalecer as medidas de prevenção e resposta nas escolas;

  • Apelar às comunidades e aos indivíduos para que se unam aos estudantes quando falarem sobre violência e trabalharem para mudar a cultura das salas de aula e das comunidades;

  • Fazer investimentos mais eficazes e direcionados em soluções comprovadas que ajudem os estudantes e as escolas a se manter seguros;

  • Coletar dados melhores e desagregados sobre a violência contra crianças e adolescentes dentro e no entorno das escolas e compartilhar o que funciona.



O relatório do organismo da ONU é lançado como parte da campanha global do UNICEF #ENDviolence. Também faz parte de um esforço coletivo de diversas organizações, como a UNESCO, o Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID), contra a violência dentro e fora das escolas.



Nos próximos meses, o UNICEF realiza em todo o mundo uma série de conversas com jovens sobre bullying e agressões. As discussões, lideradas por estudantes, vão funcionar como uma plataforma para que jovens compartilhem suas experiências e digam o que eles precisam para se sentir seguros no ambiente de ensino. Os encontros terão como resultado um documento para líderes globais. Em julho, a embaixadora do UNICEF Lilly Singh lançou o primeiro Youth Talk na África do Sul, com um grupo de estudantes de 13 a 19 anos.



Acesse o relatório da agência da ONU na íntegra clicando aqui.

UNICEF alerta para violência escolar no Brasil



A pesquisa do UNICEF não traz dados do Brasil, mas estudos realizados nacionalmente mostram que a violência entre colegas e nos centros de ensino também impacta meninas e meninos brasileiros. Um desses levantamentos é a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense, 2015), do IBGE. Focada em alunos do nono ano do ensino fundamental, a a análise revela que:


  • 14,8% dos estudantes do nono ano afirmam ter deixado de ir à escola, pelo menos um dia, nos 30 dias anteriores à pesquisa, por não se sentir seguros no caminho de casa para a escola ou da escola para casa;

  • 7,4% dos estudantes entrevistados disseram ter sofrido bullying na maior parte do tempo ou sempre, nos 30 dias anteriores à pesquisa;

  • Quando perguntados se eles próprios haviam praticado bullying nos 30 dias anteriores à pesquisa, 19,8% responderam que sim;

  • 23,4% dos estudantes entrevistados responderam ter se envolvido em alguma briga ou luta física, pelo menos uma vez, nos 12 meses anteriores à pesquisa;

  • 12,3% dos estudantes entrevistados foram seriamente feridos, pelos menos uma vez, nos 12 meses que antecederam à pesquisa;

  • 5,7% dos estudantes se envolveram em brigas na qual alguém usou alguma arma de fogo, nos 30 dias que antecederam à pesquisa;

  • E 7,9% declararam ter se envolvido em alguma briga com arma branca. O percentual é maior entre meninos (10,6%) do que entre meninas (5,4%). E é maior entre estudantes da rede pública, 8,4%, do que entre aqueles da rede privada, 5,3%.


Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNICEF
Fundo das Nações Unidas para a Infância