No Dia Mundial da População, Guterres defende desenvolvimento equitativo e inclusivo
11 julho 2019

À medida que a população global continua a aumentar, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou nesta quinta-feira (11), Dia Mundial da População, a estreita ligação entre a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e as tendências demográficas — exortando todos a “dar oportunidades para aqueles deixados para trás e ajudar a abrir o caminho para um desenvolvimento sustentável, equitativo e inclusivo para todos”.
"Para muitos dos países menos desenvolvidos do mundo, os desafios para o desenvolvimento sustentável são agravados pelo rápido crescimento populacional e pela vulnerabilidade às mudanças climáticas", disse ele em comunicado. “Outros países estão enfrentando o desafio do envelhecimento populacional, incluindo a necessidade de promover um envelhecimento ativo saudável e fornecer proteção social adequada”.
Além disso, a previsão é de que 68% da população mundial viva em áreas urbanas até 2050, o que colocará a responsabilidade do desenvolvimento sustentável e a mitigação das mudanças climáticas sobre os ombros dos planejadores em todo o mundo que estão tentando administrar o crescimento urbano.
"Ao mesmo tempo em que gerenciamos essas tendências populacionais, também precisamos reconhecer a relação entre população, desenvolvimento e bem-estar individual", sinalizou o chefe da ONU.
Ele destacou que os líderes mundiais primeiro detalharam as ligações entre população, desenvolvimento e direitos humanos há 25 anos, na Conferência Internacional do Cairo sobre População e Desenvolvimento, onde também reconheceram que “promover a igualdade de gênero é a coisa certa a se fazer e um dos caminhos mais confiáveis para o desenvolvimento sustentável e melhor bem-estar para todos”.
“O Dia Mundial da População deste ano apela à atenção global para os negócios inacabados da Conferência do Cairo”, afirmou. Apesar do progresso na redução da mortalidade materna e de gestações indesejadas, muitos desafios permanecem.
Os direitos das mulheres estão sendo apoiados globalmente; questões relacionadas à gravidez continuam sendo a principal causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos; e a violência baseada em gênero continua a ter um preço terrível, salientou.
Guterres disse que, em novembro, uma cúpula marcando o 25º aniversário da Conferência do Cairo acontecerá em Nairóbi, no Quênia.
“Encorajo os Estados-membros a participarem nos mais altos níveis e a assumir compromissos políticos e financeiros firmes para realizar o Programa de Ação da Conferência” e “levar adiante” sua visão, concluiu o secretário-geral.
Ampliar as escolhas das mulheres
Com base no acordo entre 179 governos afirmando que a saúde sexual e reprodutiva é a base para o desenvolvimento sustentável, a Conferência de 1994 determinou que as mulheres têm o direito de tomar suas próprias decisões sobre a gravidez.
“No Cairo, imaginamos um futuro em que toda gravidez fosse planejada, pois toda mulher e menina teria autonomia sobre seu próprio corpo e seria capaz de escolher se, quando e com quem ter filhos”, disse Natalia Kanem, diretora-executiva do Fundo de População da ONU (UNFPA), em declaração para a data.
“Um mundo onde nenhuma mulher morreria dando a vida ... uma época em que todos viveriam em segurança, livres de violência e com respeito e dignidade, e onde nenhuma menina seria forçada a se casar ou ter seus genitais mutilados”.
Desde então, Kanem lembrou que junto com governos, ativistas e outros, o UNFPA “apoiou o Programa de Ação e prometeu derrubar as barreiras entre mulheres e meninas e sua saúde, direitos e poder para traçar seus próprios planos futuros”.
No entanto, 25 anos depois, "ainda temos um longo caminho a percorrer", disse ela, observando que muitos "continuam sendo deixados para trás" e "incapazes de desfrutar de seus direitos".
Ela destacou que mais de 200 milhões de mulheres e meninas querem atrasar ou evitar a gravidez “mas não têm os meios” para isso, destacando que são “as mulheres e meninas mais pobres, membros de comunidades indígenas, rurais e marginalizadas e aquelas que vivem com deficiência que enfrentam as maiores lacunas nos serviços”.
"É hora de agir agora, urgentemente, para garantir que todas as mulheres e meninas possam exercer seus direitos", declarou o chefe do UNFPA, incentivando mais opções de anticoncepcionais para que as mulheres "prosperem como parceiras iguais no desenvolvimento sustentável".
“Não há tempo a perder”, ressaltou. "O nosso futuro depende disto".
É hora de "inaugurar um mundo em que as promessas feitas sejam promessas cumpridas e os direitos e escolhas reprodutivas sejam uma realidade para todos", insistiu. “Este é o mundo que todos queremos e podemos ter se nos unirmos em Nairóbi e além, com compromissos concretos e muito mais recursos para completar a jornada que começamos há 25 anos”.
