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ONU alerta para crescente atividade de Al Qaeda e Estado Islâmico no Iêmen

06 agosto 2019

Crianças caminham por uma parte do centro de Craiter, em Aden, no Iêmen. A área foi seriamente danificada pelos ataques aéreos em 2015, quando os houthi foram expulsos da cidade pelas forças da coalizão. Foto: OCHA / Giles Clarke
Legenda: Crianças caminham por uma parte do centro de Craiter, em Aden, no Iêmen. A área foi seriamente danificada pelos ataques aéreos em 2015, quando os houthi foram expulsos da cidade pelas forças da coalizão. Foto: OCHA / Giles Clarke





Movimentos armados afiliados aos grupos terroristas Al-Qaeda e Estado Islâmico teriam intensificado suas atividades no Iêmen nas últimas semanas, disse nesta terça-feira (6) a porta-voz do Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH), Ravina Shamdasani, lembrando "preocupantes acontecimentos" que afetaram seriamente a vida de civis iemenitas nos últimos dez dias.



Em comunicado, a porta-voz afirmou que, durante esse período, o escritório verificou que 19 civis foram mortos e 42 ficaram feridos nos distritos de Taiz, Sa'ada e Aden. A maioria das mortes resultou de um ataque em um mercado da província de Sa'ada em 29 de julho, no qual 14 civis foram assassinados e 26 ficaram feridos.



No bairro de Al-Rawdhah, em Taiz, forças afiliadas a grupos rebeldes houthi teriam lançado ataques indiscriminados em 28 de julho, matando uma criança e deixando outros três civis feridos, e teriam atacado um hospital de emergência e suas ambulâncias em 31 de julho.



Nas províncias de Aden e Abyan, no sul do país, ataques a instalações policiais e militares foram reportados em 1 e 2 de agosto. O Estado Islâmico reivindicou responsabilidade pelo ataque à delegacia. Um míssil balístico teria sido lançado pelos houthis como resposta ao ataque de 1º de agosto em Aden durante um desfile militar, enquanto grupos armados afiliados à Al-Qaeda teriam atacado outro campo militar em Abyan em 2 de agosto.



Em uma aparente retaliação a esses ataques, forças de segurança estariam realizando e permitindo ataques contra civis do norte em partes do Iêmen, que estão sendo alvo de ataques, assédio e deslocamento forçado a áreas que fazem fronteira com outras províncias.



"Recebemos informação de múltiplas fontes sobre prisões e detenções arbitrárias, deslocamento forçado, ataques físicos e assédio, assim como saques e vandalismo".



Os relatos também sugerem que as forças de segurança cercaram iemenitas do norte durante buscas em hotéis e restaurantes, acrescentou a porta-voz, que lembrou aos grupos em guerra que tais detenções e deslocamentos forçados violam as leis internacionais de direitos humanos e humanitária.



“As partes de um conflito armado não internacional não podem ordenar o deslocamento da população civil, no todo ou em parte, por razões relacionadas ao conflito, a menos que a segurança dos civis envolvidos ou razões militares imperativas o exijam.”



A escalada da situação militar na região de Al Dhale, no sudoeste do Iêmen, que tem registrado o uso de minas terrestres, ataques aéreos, bombardeios e combates em terra, continua sendo uma profunda fonte de preocupação para o escritório de direitos humanos da ONU, disse ela.



Desde março, o conflito resultou em pelo menos 26 civis mortos e 45 feridos, embora, devido à falta de acesso à área, os números provavelmente sejam muito maiores, disse a porta-voz.



Partes da população de Al Dhale não estão recebendo suprimento de água, segundo a porta-voz, sendo que a única reserva de água do local estaria sob o controle dos houthis, enquanto há muitas bombas de água danificadas ou sem funcionamento.



No comunicado, a porta-voz pediu a todas as partes envolvidas no conflito que "procurem reduzir as tensões e garantir que quaisquer ataques contra civis e infraestrutura civil sejam investigados de maneira significativa e que os responsáveis ​​sejam levados à justiça".

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