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Refugiados superam desafios para seguir estudando durante pandemia

21 setembro 2020

  • Escolas fechadas, provas canceladas: a COVID-19 tem prejudicado a educação de crianças globalmente. De acordo com dados da ONU, cerca de 1,6 bilhão de alunos em todo o mundo, incluindo milhões de refugiados, tiveram seus estudos interrompidos por conta da pandemia.
  • No entanto, como acontece com frequência quando confrontados com desafios que parecem intransponíveis, a determinação dos refugiados em mudar suas vidas através da educação voltou à tona.
  • Em um relatório intitulado “Juntos pela Educação de Refugiados”, o ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, destaca uma série de exemplos inspiradores de como jovens refugiados conseguiram seguir em frente durante a pandemia.
Legenda: Refugiada e professora, Amina Hassan, dá aulas de inglês para crianças via rádio, no campo de Dadaab, no Quênia. Foto: ACNUR/Jimale Abdullahi

Escolas fechadas, provas canceladas: a COVID-19 tem prejudicado a educação de crianças globalmente. De acordo com dados da ONU, cerca de 1,6 bilhão de alunos em todo o mundo, incluindo milhões de refugiados, tiveram seus estudos interrompidos por conta da pandemia.

No entanto, como acontece com frequência quando confrontados com desafios que parecem intransponíveis, a determinação dos refugiados em mudar suas vidas através da educação voltou à tona.

Em um relatório intitulado “Juntos pela Educação de Refugiados”, o ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, destaca uma série de exemplos inspiradores de como jovens refugiados conseguiram seguir em frente durante a pandemia.

Os dados de 2019 do relatório são baseados em informações de 12 países que acolhem mais da metade das crianças refugiadas do mundo. Embora a taxa de matrículas seja de 77% no ensino primário, apenas 31% dos jovens estão matriculados no ensino secundário. Apenas 3% dos jovens refugiados estão matriculados no ensino superior.

Mesmo que muito aquém das médias globais, essas estatísticas ainda representam um progresso. As matrículas no ensino secundário aumentaram, com dezenas de milhares de novas crianças refugiadas frequentando a escola – um aumento de 2% em comparação com o ano anterior.

Mas a pandemia ameaça desfazer este e outros avanços cruciais. Para as meninas refugiadas, a ameaça é particularmente grave. Com base nos dados do ACNUR, o Fundo Malala estimou que, como resultado da COVID-19, metade de todas as meninas refugiadas na escola secundária não retornará quando suas aulas forem retomadas.

O desejo dos refugiados por educação é claro. O desafio agora é dar apoio global à sua determinação. O relatório destaca vários exemplos de maneiras inovadoras e colaborativas de como refugiados e professores, com o apoio de governos e parceiros do ACNUR, continuaram ensinando e estudando durante esse período.

1. Tudo que precisamos é… Rádio Gargaar

Em tempos normais, Amina Hassan ministrava aulas para sua classe de cerca de 100 crianças em uma escola no enorme campo de refugiados de Dadaab, no leste do Quênia. Hoje em dia, ela teve que se tornar locutora de um dos programas de rádio mais incomuns do mundo.

Dadaab tem mais de 67.000 alunos frequentando apenas 22 escolas primárias e seis secundárias. Crianças e jovens refugiados, juntamente com os alunos da comunidade anfitriã, compartilham as salas de aula e recebem uma educação certificada supervisionada por uma autoridade nacional.

Amina fez uso das ondas de rádio para transmitir aulas para sua turma do 5º ano em uma estação comunitária chamada Rádio Gargaar, que significa “ajuda” ou “assistência” em somali. “Às vezes, eles me ligam no estúdio para fazer perguntas”, diz. “Eu acredito que eles estão aprendendo, embora eu não possa vê-los.”

2. A sala de aula sobre rodas

Legenda: Na Bolívia, uma sala de aula móvel leva aprendizado e jogos para crianças venezuelanas que vivem em abrigos. Foto: ACNUR/William Wroblewski

Dançar, cantar, pintar – e aprender sobre o coronavírus – estão na agenda de um grupo de jovens venezuelanos em La Paz, Bolívia. Mas em vez de irem à escola, a escola veio até eles.

Aula Movil (Sala de Aula Móvel) é um projeto que está sendo testado pelo ACNUR e organizações parceiras para crianças venezuelanas refugiadas e migrantes que não tiveram acesso a educação formal, ensino à distância ou atividades recreativas desde a quarentena. Embora os funcionários estejam vestidos com equipamentos de proteção individual da cabeça aos pés, os jovens logo se acostumam com eles.

Além disso, a classe forneceu apoio psicossocial e engajamento para a comunidade venezuelana, visitando centros de acolhimento onde o ACNUR está oferecendo abrigo para famílias.

3. Online ou offline, fazendo a educação acontecer

Legenda: Em Uganda, o telefone e a Internet trazem avanços para assentamentos isolados do norte do país. Foto: ACNUR/Michele Sibiloni

Graças a uma parceria estabelecida em 2018, o ACNUR e parceiros em Uganda foram capazes de acelerar um projeto de educação conectada, dando a professores e alunos acesso a uma ampla variedade de recursos abertos.

Muitas comunidades deslocadas vivem em áreas onde a conectividade com a Internet é ruim ou inexistente e onde conseguir dispositivos inteligentes está fora de questão. Uma plataforma de aprendizado de software aberto chamada Kolibri, desenvolvida pela organização sem fins lucrativos Learning Equality, foi projetada para contornar esses problemas sendo adaptada para uma variedade de dispositivos de baixo custo e outros hardwares.

Uma vez que um conteúdo seja “propagado” em um dispositivo – seja na fábrica ou em uma área que tenha conexão com a Internet – esse dispositivo pode compartilhá-lo com outras pessoas em uma rede local offline.

4. Aulas ao ar livre

Legenda: Refugiada de 15 anos no campo de Inke, na República Democrática do Congo (RDC), prepara-se para aula com distanciamento físico ministrada pelo professor local Jean Aime Mozokombo. Foto: ACNUR/Ghislaine Nentobo

Com todas as escolas fechadas, Jean Aimé Mozokombo simplesmente passou a dar aulas ao ar livre.

No norte da República Democrática do Congo (RDC), mais de 600 estudantes refugiados da República Centro-Africana puderam continuar seus preparativos para a prova final da escola primária nacional. Jean Aimé foi um dos vários professores da comunidade anfitriã que se esforçou para manter seus jovens alunos ocupados.

Há meses ele organiza aulas no campo de refugiados de Inke, na província de Ubangi do Norte, do lado de fora das casas de seus alunos. Os encontros são limitadas a seis alunos de cada vez para garantir o distanciamento físico adequado.

Mesmo sem as instalações habituais, essas aulas ao ar livre são vitais. “Estamos fazendo o melhor que podemos, pois a prova nacional do ensino fundamental é essencial para que os alunos se matriculem no ensino médio”, disse Jean Aimé.

A educação é um direito humano e tem o poder de abrir portas e revelar sonhos. Mesmo assim, 48% das crianças refugiadas estão fora da escola.

Junte-se a nós para mudar essa realidade!

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