Incentive as meninas de hoje a se tornarem as cientistas de amanhã, pede chefe da ONU
11 fevereiro 2022
As mulheres ainda são minoria nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática - conhecidas como STEM - em todo o mundo. Elas também têm menos chance de se tornarem cientistas seniores, recebem menos financiamento de pesquisa do que os homens e têm menos probabilidade de serem promovidas.
A lacuna de gênero não apenas dificulta o ingresso e o crescimento das mulheres nessas áreas como afeta a ciência que é produzida. A falta de representação na inteligência artificial, por exemplo, gera algoritmos que reforçam preconceitos de gênero, tratando os homens como padrão e as mulheres como exceção.
No Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, autoridades da ONU pediram um ambiente propício para que meninas e mulheres possam trilhar carreiras científicas. “Precisamos das perspectivas das mulheres para garantir que a ciência e a tecnologia funcionem para todos. Podemos – e devemos – agir”, disse o secretário-geral, António Guterres.
Em sua mensagem para marcar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu um ambiente propício onde “as meninas de hoje se tornem principais cientistas e agentes de inovação de amanhã, moldando um futuro justo e sustentável para todos”.
“Hoje, apenas uma em cada três pesquisadores de ciência e engenharia no mundo é mulher”, lembrou o chefe da ONU, explicando que barreiras estruturais e sociais ainda impedem que mulheres e meninas entrem e avancem na ciência.
Um mundo negado - Uma significativa lacuna de gênero persiste em todos os níveis das disciplinas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) em todo o mundo. Embora as mulheres tenham feito um enorme progresso no sentido de aumentar sua participação no ensino superior, elas ainda estão sub-representadas nesses campos.
A pandemia de COVID-19 aumentou ainda mais as desigualdades de gênero, desde o fechamento de escolas até o aumento da violência doméstica e o aumento do fardo com os cuidados da casa. “Essa desigualdade está privando nosso mundo de um enorme talento e inovação inexplorados”, afirmou Guterres, ressaltando a necessidade das perspectivas das mulheres “para garantir que a ciência e a tecnologia funcionem para todos”.
Ação necessária - A ciência e a igualdade de gênero são vitais para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), incluindo a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. No entanto, apesar dos esforços das últimas décadas para inspirar e engajar mulheres e meninas na ciência, mulheres e meninas continuam sendo excluídas da participação plena.
“Podemos – e devemos – agir”, disse o chefe da ONU. Ele pediu políticas que “encham as salas de aula” com meninas estudando tecnologia, física, engenharia e matemática; e medidas direcionadas para garantir que as mulheres tenham oportunidades de “crescer e liderar laboratórios, instituições de pesquisa e universidades”.
Guterres também enfatizou que é necessária determinação para acabar com a discriminação e os estereótipos sobre as mulheres na ciência, juntamente com esforços mais rigorosos para expandir as perspectivas para as mulheres pertencentes a minorias.
Foco na IA - Tudo isso é especialmente importante no campo crucial da inteligência artificial (IA) – um amplo ramo da ciência da computação que está presente na vida cotidiana, desde a reserva de voos e solicitação de empréstimos até o rastreio de câncer.
“Há uma conexão direta entre os baixos níveis de mulheres que trabalham em IA e os algoritmos absurdos de preconceito de gênero que tratam os homens como padrão e as mulheres como exceção”, explicou Guterres.
Alterando tendências - O chefe da ONU também sinalizou a importância de reverter as tendências que impedem as jovens cientistas de seguir carreiras que ajudem a enfrentar as crises climáticas e ambientais.
Compartilhando sua experiência pessoal como professor de engenharia, ele atestou em primeira mão o conhecimento de que mulheres e homens jovens são igualmente fascinados e capazes de enfrentar a ciência, “cheios de ideias e prontos para levar nosso mundo adiante”.
Devemos garantir que elas tenham acesso às mesmas oportunidades de aprendizado e trabalho em condições equitativas” para que as mulheres possam realizar seu verdadeiro potencial, explicou o secretário-geral.
Afastando mulheres - Em uma mensagem conjunta, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, e a diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, citaram o Relatório de Ciência da UNESCO de 2021 ao apontar para a disparidade sistêmica.
Elas destacaram que as mulheres permanecem sub-representadas entre os cientistas seniores na academia, recebem menos financiamento de pesquisa do que os homens e têm menos probabilidade de serem promovidas. No setor privado, elas estão menos presentes na liderança de empresas e nas funções técnicas nas indústrias de tecnologia.
“A falta de igualdade de oportunidades no local de trabalho está afastando as mulheres das profissões de pesquisa”, disseram as autoridades da ONU, pedindo que “o princípio da igualdade” seja colocado em ação para que “a ciência funcione para as mulheres, porque também trabalha contra elas frequentemente".
Mudança positiva - Trabalhar em conjunto nos setores público e privado e com diferentes gerações pode trazer mudanças positivas, como eliminar os estereótipos de gênero na educação e implementar políticas para atrair e apoiar mulheres cientistas na força de trabalho.
“Precisamos urgentemente de construir ecossistemas de ciência e tecnologia mais inclusivos, transformadores e responsáveis, livres de preconceitos e discriminação para acelerar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e enfrentar os desafios que afetam a todos nós”, disseram as chefes de agências da ONU.