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Crise global de aprendizagem marca Dia Internacional da Educação

25 janeiro 2022

Marcando o Dia Internacional da Educação, celebrado em 24 de janeiro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou os efeitos da pandemia no acesso à aprendizagem ao redor do globo. A temática da data deste ano é “Mudando o rumo, transformando a educação”.

Durante o momento pandêmico mais profundo, cerca de 1,6 bilhão de estudantes de escolas e faculdades tiveram o estudo interrompido. 31 milhões de alunos ainda seguem afetados. 

Diante deste cenário, Guterres alertou que, caso não seja feito nada, a proporção de crianças que abandonam a escola, nos países em desenvolvimento, e que não sabem ler, pode aumentar de 53% para 70%. 

Por esses motivos e muitos outros, a autoridade máxima da ONU convocou para setembro uma Cúpula sobre Transformação da Educação, a primeira do tipo que reunirá líderes mundiais, jovens e todas as partes interessadas na temática.

Reabertura segura de escolas no nordeste do estado do Rio Grande do Norte, no Brasil
Legenda: Reabertura segura de escolas no nordeste do estado do Rio Grande do Norte, no Brasil
Foto: © Alessandro Potter/UNICEF

No Dia Internacional da Educação, celebrado em 24 de janeiro, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lembrou o “caos” que a COVID-19 causou na educação em todo o mundo, afirmando que, no auge da pandemia, cerca de 1,6 bilhão de estudantes de escolas e faculdades tiveram seus estudos interrompidos. Quase dois anos desde o início da pandemia, o fechamento de escolas continua a atrapalhar a vida de mais de 31 milhões de alunos, exacerbando o que o secretário-geral chamou de “uma crise global de aprendizado”.

“Se não tomarmos medidas, a proporção de crianças que abandonam a escola, nos países em desenvolvimento, e que não sabem ler, pode aumentar de 53% para 70%”, alertou António Guterres numa mensagem em vídeo sobre o Dia Internacional da Educação. Apesar da melhora, ele acredita que a crise “ainda não acabou”, e a turbulência vai além das questões de acesso e desigualdade.

Mudando o mundo - O tema do dia deste ano é “Mudando o rumo, transformando a educação”. Para Guterres, o mundo está “mudando em um ritmo vertiginoso, com a inovação tecnológica, as mudanças sem precedentes no mercado de trabalho, o início da emergência climática e a perda de confiança generalizada entre pessoas e instituições”.

Neste cenário, ele acredita que os sistemas educacionais convencionais estão “lutando” para fornecer o conhecimento, as habilidades e os valores necessários para criar um futuro mais verde, melhor e mais seguro para todos. 

Cúpula de Educação - Para lidar com esses desafios, o chefe da ONU convocou uma Cúpula sobre Transformação da Educação para setembro.

“Chegou a hora de reacender nosso compromisso coletivo com a educação”, afirmou Guterres. 

Segundo ele, isso significa “colocar a educação no centro dos esforços mais amplos de recuperação, destinados a transformar economias e sociedades, e acelerar o progresso do desenvolvimento sustentável”.

Significa também solidariedade financeira com os países em desenvolvimento e compreender como os sistemas nacionais de educação podem ser reformados, até 2030.

Guterres também observou que a Cúpula será a primeira vez que líderes mundiais, jovens e todas as partes interessadas em educação se reunirão para considerar essas questões fundamentais.

Avanços perdidos - Também em uma mensagem, o presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid, salientou a necessidade de refletir sobre o impacto de dois anos da pandemia de COVID-19.

Destacando os desafios para o empoderamento de crianças e jovens, Shahid mencionou uma  publicação conjunta da ONU mostrando que estudantes em todo o mundo podem perder um total de 17 trilhões de dólares em ganhos ao longo da vida como resultado dessas restrições.

Para ele, este número é um chamado para acabar com a exclusão digital, para empoderar meninas e meninos, em particular aqueles em áreas rurais e isoladas, e fortalecer o apoio às pessoas com deficiência, bem como a outros grupos vulneráveis.

“Em um mundo de crescente complexidade, incerteza e precariedade, o conhecimento, a educação e o aprendizado precisam ser reimaginados”, argumentou. 

Shahid também acredita que o mundo precisa de “um sistema educacional que possa alavancar a inteligência coletiva da humanidade”.

“Um sistema que promova, em vez de subverter, nossas aspirações por educação inclusiva com base nos princípios de justiça, equidade e respeito aos direitos humanos”, concluiu. 

Lições aprendidas - De acordo com novos dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) nesta segunda-feira (24), as escolas estão abertas atualmente em 135 países e, em 25 nações, foram temporariamente suspensas por estender as férias de final de ano.

Apenas uma dúzia de países optou por fechar escolas e adotar o aprendizado totalmente remoto em vez de presencial desde o surto da variante Ômicron. Isso contrasta fortemente com o mesmo período do ano passado, quando a maioria das escolas foi fechada e o aprendizado foi totalmente remoto em 40 países.

Para a agência da ONU, isso mostra que a grande maioria dos países está usando as lições dos últimos dois anos para manter as salas de aula acessíveis, com protocolos de saúde e segurança reforçados.

“A educação continua a ser profundamente perturbada pela pandemia, mas todos os países estão agora cientes dos custos dramáticos de manter as escolas fechadas, como a UNESCO informou nos últimos dois anos”, disse a diretora-geral da agência, Audrey Azoulay.

Alunos com baixo desempenho - Para a chefe da UNESCO, são necessárias mais ações para trazer de volta à escola todas as crianças que se afastaram dela e recuperar as perdas de aprendizagem.

“Sem ação corretiva e foco nos alunos mais vulneráveis, a pandemia da COVID-19 terá consequências dramáticas a longo prazo”, alertou Azoulay.

De fato, mais de 50% dos professores afirmam que os alunos não progrediram para os níveis esperados, de acordo com uma pesquisa em larga escala realizada pela UNESCO e pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional.

No estudo, realizado em 11 países, a maioria dos professores concordou que era difícil fornecer o apoio necessário para alunos vulneráveis. E mais de 50% dos alunos disseram estar ansiosos com as mudanças que estão ocorrendo.

Perdas irreversíveis - De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), os retrocessos da educação podem se tornar irreversíveis, caso medidas não sejam tomadas agora. Segundo dados destacados pela agência, as perdas são sentidas inclusive, em habilidades consideradas básicas como alfabetização e matemática.

Em países de baixa e média renda, por exemplo, o fechamento de escolas deixou 70% das crianças de 10 anos incapazes de ler ou entender um texto simples, em comparação com 53% antes da pandemia.

No Brasil, cerca de três em cada quatro crianças do 2º ano estão fora dos padrões de leitura, número acima da média de uma em cada duas crianças antes da pandemia. E na Etiópia, estima-se que as crianças da escola primária tenham aprendido de 30% a 40% da matemática que teriam aprendido se fosse um ano letivo normal.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ONU
Organização das Nações Unidas
UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
UNICEF
Fundo das Nações Unidas para a Infância

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa