Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências para 2024
O desemprego e o déficit de empregos caíram para níveis abaixo dos anteriores à pandemia, mas o desemprego global aumentará em 2024 e as crescentes desigualdades e a estagnação da produtividade são motivos de preocupação, de acordo com o relatório Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências para 2024, preparado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A OIT explica que embora o mercado de trabalho tenha mostrado resiliência, a recuperação da pandemia permanece desigual, com novas vulnerabilidades e crises prejudicando a justiça social. As rendas disponíveis diminuíram na maioria dos países do G20 e, em geral, a erosão dos padrões de vida resultante da inflação “é pouco provável que seja compensada rapidamente”.
“A queda dos padrões de vida e a fraca produtividade combinadas com a inflação persistente criam as condições para uma maior desigualdade e minam os esforços para alcançar justiça social. E sem maior justiça social, nunca teremos uma recuperação sustentável.”
- Gilbert F. Houngbo, diretor-geral da OIT, 10 de janeiro de 2024.
O diretor-geral da OIT expressa grande preocupação diante das análises do relatório, indicando que os desequilíbrios destacados podem ser não apenas parte da recuperação pós-pandemia, mas também estruturais. Para ele, os desafios identificados na força de trabalho representam uma ameaça tanto para os meios de subsistência individuais quanto para as empresas, sendo essencial abordá-los de maneira eficaz e rápida.
Apesar de diminuir rapidamente após 2020, o número de trabalhadores vivendo em extrema pobreza, ou seja, aqueles que ganham menos de US$2,15 por pessoa por dia em termos de paridade de poder de compra, cresceu cerca de 1 milhão em 2023. O número de trabalhadores vivendo em pobreza moderada, com menos de US$3,65 por dia por pessoa, aumentou em 8,4 milhões em 2023.
Diferenças importantes persistem entre países de renda mais alta e mais baixa. Enquanto a taxa de déficit de emprego em 2023 era de 8,2% nos países de renda alta, situava-se em 20,5% no grupo de renda baixa. Do mesmo modo, enquanto a taxa de desemprego em 2023 se manteve em 4,5% nos países renda alta, a taxa foi de 5,7% nos países de renda baixa.
O retorno às taxas de participação no mercado de trabalho anteriores pandemia variou entre os diferentes grupos. A participação das mulheres recuperou rapidamente, mas ainda persiste uma notável disparidade de gênero, especialmente nos países emergentes e em desenvolvimento.
As taxas de desemprego juvenil continuam a representar um desafio. A taxa de pessoas definidas como NEET (Not in Employment, Education or Training - jovens que não estão trabalhando, estudando ou não estão recebendo treinamento) continua elevada, especialmente entre as mulheres jovens, o que coloca desafios às perspectivas de emprego a longo prazo.