Sessão do G20 sobre desenvolvimento sustentável e transição energética
19 novembro 2024
Discurso do secretário-geral da ONU, António Guterres, na sessão do G20 sobre desenvolvimento sustentável e transição energética, no Brasil, em 19/11/2024.
Excelências,
Peço-lhes que entendam minhas palavras não como um briefing, mas como um apelo que sinto profundamente.
Nosso clima está em um ponto de ruptura.
Se não limitarmos o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius, desastres em espiral devastarão todas as economias.
Precisamos entrar no caminho certo para o limite de 1,5 grau com os países acelerando seus cortes de emissões de curto prazo, para que possamos reduzir as emissões globais em 9% a cada ano nesta década.
Portanto, precisamos acelerar a transição justa dos combustíveis fósseis para os renováveis.
Atualmente, eles são a fonte mais barata de eletricidade nova em praticamente todos os lugares.
O fim da era dos combustíveis fósseis é inevitável.
Vamos nos certificar de que não chegue tarde demais - e que venha com justiça.
Os trabalhadores e as comunidades afetadas devem receber apoio, e as economias devem ser diversificadas para garantir empregos e prosperidade.
A próxima rodada de planos nacionais de ação climática (NDC) é essencial para colocar o mundo no caminho certo.
O G20, como disse o presidente Lula, é responsável por 80% das emissões globais.
Portanto, precisamos de vocês na frente.
Na semana passada, dois de seus membros - o Brasil e o Reino Unido - nos deram um bom começo com novos anúncios de suas NDCs.
Os novos planos de todos os países devem estar alinhados com 1,5 grau - com metas inequívocas e absolutas de redução de emissões para 2030 e 2035.
Abranger toda a economia, todos os setores e todos os gases de efeito estufa.
Contribuir com as metas globais acordadas na COP28 para triplicar a capacidade de energias renováveis, dobrar a eficiência energética e interromper o desmatamento - tudo isso até 2030.
E alinhar os planos de produção e consumo de combustíveis fósseis com 1,5 graus.
Tudo isso deve ser alcançado de acordo com o princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas.
Mas todos os países devem fazer mais.
E os países desenvolvidos devem apoiar as economias emergentes e em desenvolvimento.
Isso pode comprometer a ambição na preparação dos novos planos nacionais de ação climática, com possíveis impactos devastadores, já que os pontos de inflexão irreversíveis estão se aproximando.
A preservação da Amazônia é um exemplo disso.
Isso inevitavelmente também tornaria muito mais difícil o sucesso da COP30 no Brasil.
Precisamos ter sucesso em Baku, criar confiança e incentivar a preparação de planos climáticos nacionais de alta ambição no próximo ano.
Essa meta, a meta financeira, em suas diferentes camadas, deve atender às necessidades dos países em desenvolvimento, começando com um aumento significativo dos fundos públicos concessionais.
Saúdo o recente anúncio feito pelos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento.
O sucesso da COP29 está em grande parte em suas mãos. Apelo para o senso de responsabilidade de todos os países em torno desta mesa para ajudar a garantir que a COP29 seja um sucesso.