Discurso do secretário-geral da ONU, António Guterres, em coletiva de imprensa realizada na COP29, em Baku, em 21 de novembro de 2024.
Legenda: O secretário-geral da ONU, António Guterres, participa de coletiva de imprensa na 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP29), em Baku, no Azerbaijão, em 21 de novembro de 2024.
Acabo de voltar da Cúpula do G20 no Rio. A COP29 estava muito presente na agenda.
Pedi aos líderes do G20 que instruíssem seus ministros e negociadores a garantir um compromisso, a garantir o sucesso da COP e a garantir uma nova meta ambiciosa de financiamento climático na COP29.
E ouvi líder após líder enfatizar a importância de um sucesso concreto.
As delegações e a Presidência da COP estão agora trabalhando arduamente para encontrar um terreno comum.
Mas, como eu disse em minhas observações iniciais, o tempo está correndo.
A COP29 está chegando ao fim.
Sinto que há um apetite por um acordo; as áreas de convergência estão entrando em foco. Mas, sejamos francos: ainda restam muitas diferenças substanciais.
O sucesso ainda não está garantido. Precisamos de um grande impulso para levar as discussões até a linha de chegada...
Para entregar um pacote ambicioso e equilibrado sobre todas as questões pendentes, com uma nota meta financeira em seu centro.
O fracasso não é uma opção.
Isso pode prejudicar tanto a ação de curto prazo quanto a ambição na preparação dos novos planos nacionais de ação climática, com possíveis impactos devastadores, já que pontos de inflexão irreversíveis estão se aproximando.
Isso inevitavelmente dificultaria o sucesso da COP30 no Brasil.
Portanto, permitam-me repetir, o que precisamos é claro:
Um acordo sobre uma nova e ambiciosa meta de financiamento climático em Baku, no contexto de um conjunto equilibrado de decisões.
Por meio de seus diferentes componentes, essa meta deve mobilizar o financiamento de que os países em desenvolvimento precisam.
E o aumento do financiamento é de fato essencial:
Essencial para garantir que todas as partes possam entregar novos planos de ação nacionais (NDCs) alinhados à meta de 1,5 grau - como devem ser feitos.
Para dar a todos os governos a chance de colher os benefícios das energias renováveis limpas e baratas e de uma transição energética justa, acelerando simultaneamente a redução das emissões...
E para permitir que todos os países se protejam, e protejam seus povos, dos desastres climáticos. O papel central da adaptação é sempre reconhecido.
Por outro lado, o sucesso é importante para criar confiança entre as nações.
A cooperação internacional - centrada no Acordo de Paris - é indispensável para a ação climática.
Em meio a divisões e incertezas geopolíticas, o mundo precisa que os países se unam aqui em Baku.
Portanto, faço um apelo direto aos ministros e negociadores: suavizem as linhas duras. Naveguem por um caminho através de suas diferenças. E mantenham seus olhos no panorama geral.
Nunca se esqueçam do que está em jogo.
Esta é uma COP para fazer justiça em face da catástrofe climática...
Para ajudar a nos aproximar da garantia de um mundo decente para toda a humanidade.
Este não é um jogo de soma zero.
E o financiamento não é uma esmola...
É um investimento contra a devastação que o caos climático sem controle infligirá a todos nós.
É um adiantamento para um futuro mais seguro e mais próspero para todas as nações da Terra.
Portanto, precisamos progredir e usar o progresso que já fizemos como base.
Na semana passada, os bancos multilaterais de desenvolvimento anunciaram um aumento significativo no financiamento climático para países de baixa e média renda. Esse valor chegará a US$ 120 bilhões por ano até 2030, com outros US$ 65 bilhões mobilizados pelo setor privado, com uma projeção de aumetno para 2035.
E em setembro, os países concordaram com o Pacto para o Futuro. Ele contém compromissos importantes sobre: acesso a financiamento; ação efetiva sobre a dívida; e aumento substancial da capacidade de empréstimo dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento, tornando-os maiores e mais ousados.
Como vocês sabem, essa é uma negociação entre os Estados-Membros. Como secretário-geral das Nações Unidas, eu próprio não sou um negociador. Mas a Presidência da COP tem minha total cooperação em seus esforços para chegar a um acordo - com base no consenso da semana passada sobre os mercados de carbono e nos novos planos nacionais de ação climática que alguns países já anunciaram.
Peço a todas as partes que se mobilizem, acelerem o ritmo e cumpram o prometido.
A necessidade é urgente. As recompensas são grandes. O tempo é curto.