"Vejo um futuro lindo pela frente"

Conheça o trabalho de Claudinha por uma São Gonçalo saudável
“Vejo um futuro lindo pela frente: São Gonçalo em outro patamar de reconhecimento, oferta de serviços, estratégias de trabalho, maior crescimento e olhar à população.”
São Gonçalo, localizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e segundo município mais populoso do estado, é lar de Ana Claudia Barros Pinnas. Apaixonada pelo universo da saúde, desde 2005 Claudinha atua na cidade como enfermeira de ponta. Depois de anos trabalhando em outro município, ela voltou à sua cidade natal em 2021 para apoiar a área de Atenção Primária à Saúde.
Liderança incontestável e gonçalense com orgulho, Claudinha cresceu no Gradim, um bairro às margens da Baía de Guanabara, onde o verde da vegetação encontra o azul da união entre a água do mar e a dos rios. Embarcações atracadas e vias pouco asfaltadas também compõem o cenário de um bairro relativamente vulnerabilizado, mas um lugar em que Claudinha viveu uma infância pura e feliz. Em Porto Velho, outro bairro que morou, brincava em um manguezal com seus amigos, onde catavam caranguejos e faziam coleções de águas-vivas.
Entre a infância e a adolescência, Claudinha desenvolveu um gosto por trabalhos manuais. Com sua madrinha, aprendeu a bordar e fazer tricô, hobbies que seguem até hoje. Também nutriu um gosto pela dança ainda adolescente e chegou a competir em alguns festivais. Com o tempo, essas práticas de cuidado com o corpo e com a mente a levaram a um fascínio pela saúde, área na qual decidiu atuar profissionalmente.
“Sempre pensei em ajudar o outro e pensava na minha profissão como algo para além de mim, porque é o que me faz bem. Por isso pensei em fazer enfermagem, para ajudar as pessoas que precisam. O sonho pessoal se casou com o sonho profissional, eu faço aquilo que eu gosto e me dedico. E trabalhar com o que gosta te deixa satisfeita e faz você se doar ainda mais.”

“Quando vou poder voltar para contribuir com a minha cidade?”
Após alguns anos como enfermeira, Claudinha passou em um concurso, em 2010, para atuar em outra cidade. Sabia da importância de aprender com outro município que possuía uma Atenção Primária mais estruturada. Lá, teve a oportunidade de cursar um mestrado em Saúde Coletiva, aperfeiçoando seu conhecimento.
Os desafios eram muitos, a começar pelo deslocamento diário, com trajetos congestionados que costumam levar em média duas horas e meia, chegando a quatro horas nas sextas-feiras ou vésperas de feriado. O cenário bastante comum ilustra a música “São Gonça”, de Seu Jorge, cantor carioca que já viveu na cidade. A letra relata as dificuldades de um relacionamento entre moradores de municípios vizinhos, como o trânsito intenso na ponte que os conecta. Mas, apesar dos desafios da distância e da infraestrutura urbana, a música destaca a resiliência de um narrador disposto a fazer tudo pelo amor. No caso de Claudinha, o amor é pela saúde e por sua cidade.
“As pessoas me perguntavam: ‘por que você se desdobra, sabendo que no dia seguinte tem que fazer isso de novo?’ E eu respondia que eu precisava me aperfeiçoar e adquirir bagagem para voltar e dar o melhor de mim para minha cidade.”
Atravessando a ponte engarrafada todos os dias, Claudinha se questionava como e quando poderia voltar e contribuir com sua cidade. Até que, em 2021, recebeu um convite para participar da gestão da Atenção Primária à Saúde de São Gonçalo. Muito contente, ela afirma: “o tempo é senhor do nosso destino, agora me sinto fortalecida para dar o melhor de mim, para onde falei que iria voltar.”

O trabalho por uma cidade saudável
O dia de trabalho de Claudinha é dinâmico, envolvendo o planejamento das ações de inúmeros programas de saúde no município, bem como a coordenação de mais de 200 equipes de Estratégia de Saúde da Família, que se dividem em mais de 90 bairros. Ela começa o dia já ciente da agenda planejada, mas está sempre preparada para lidar com imprevistos. E embora o expediente termine às 17h, é após esse horário que ela e sua equipe trabalham ainda mais: revisam o que foi feito, discutem melhorias e planejam o dia seguinte. Para ela, o segredo está no equilíbrio entre organização e a certeza de que surpresas sempre farão parte do caminho.
Quando Claudinha iniciou sua jornada como enfermeira em São Gonçalo, o cenário era muito diferente. “Havia poucas equipes, as unidades de saúde eram inadequadas, o investimento insuficiente e o planejamento precário.” Ela afirma que o trabalho se sustentava mais pela vontade que pela estrutura. Já em 2021, quando retornou, encontrou um município transformado. Apesar das dificuldades, ela reflete com orgulho sobre sua contribuição e acha motivação para enfrentar os obstáculos.
“Às vezes me pego refletindo sobre a minha trajetória e a de São Gonçalo e vejo que muita coisa mudou. Isso dá fôlego, ânimo e coragem para encarar os novos desafios.”

A atuação integrada da Secretaria de Saúde com outras secretarias, como Educação e Assistência Social, é essencial: “a saúde vai além da nossa secretaria. Nós somos engrenagens, mas fora daqui temos peças importantíssimas que nos fazem girar. Desafio vai aparecer em qualquer momento, mas trabalhando junto, a gente vence.”
E foi trabalhando junto com a Secretaria de Gestão Integrada de Projetos Especiais que Claudinha soube da iniciativa Fortalece São Gonçalo, parceria entre a Prefeitura de São Gonçalo e o ONU-Habitat. Em janeiro de 2024, ela foi uma das primeiras pessoas a receber a nova equipe e unir forças para fortalecer a gestão urbana no município.
A parceria visa fortalecer o planejamento e a gestão do município por meio da geração e análise de dados para embasar políticas públicas mais inclusivas, e inclui uma série de ações participativas, como a criação de um Observatório de Políticas Públicas, a instalação do Laboratório Urbano Sustentável, um Diagnóstico de Segurança Urbana, oficinas participativas para Desenho de Espaços Públicos e um Programa de Capacitação no Uso de Dados.
Claudinha participou do Laboratório Urbano, ação que promove um espaço colaborativo para cocriação e avaliação de políticas públicas. Realizadas entre setembro e outubro de 2024, as oficinas reuniram mais de 50 representantes de diversas secretarias e geraram estratégias para o mapeamento da Atenção Primária à Saúde, que vão permitir orientar as prioridades de atendimento e a ampliação da cobertura de saúde no município. Além da área da saúde, a iniciativa também promoveu oficinas colaborativas para o tema da Gestão de Riscos e Desastres.
“A gente aqui precisa de mãos e a iniciativa agrega e estabelece novas possibilidades de utilizar conhecimento, recursos e outros instrumentos, fortalecendo a nossa cidade. Agora, com o Laboratório, a gente tem uma análise do território que nos ajuda a saber como e onde atuar.”
Claudinha afirma que o Laboratório não apenas ajudou a otimizar estratégias, mas também estimulou um sentimento de pertencimento e colaboração. Para ela, o envolvimento de participantes de diferentes áreas foi transformador e gerou escuta ativa, autoestima e novas conexões intersetoriais, abrindo caminhos para melhorar fluxos de trabalho e fortalecer os laços no cuidado à população.
“Essa ajuda, essa mão, esse abraço me falam: ‘você não está sozinha, entendemos a sua necessidade e vamos te ajudar’. Então, o Fortalece São Gonçalo é um abraço de acolhimento, que diz ‘a gente vai junto, eu vim aqui pra agregar’.”
Transformando a cidade para o futuro
Para Claudinha, o futuro de São Gonçalo é promissor, e ganhou força na parceria com o ONU-Habitat. Ela acredita que a cidade está alcançando um novo patamar de reconhecimento, estratégias de trabalho e cuidado com a população, tornando-se um exemplo para outros municípios. Com projetos construídos com esforço e dedicação, São Gonçalo segue no caminho do crescimento. Para ela, o otimismo é combustível para seguir avançando e mostrando ao mundo o potencial de sua cidade.
Para outros gestores públicos, Claudinha deixa um recado:
“Estejam abertos a novas possibilidades, ideias, propostas e estabeleçam um modelo de gestão que dê condições de fazer o que as pessoas precisam. Estamos aqui para suprir as necessidades delas, mas nem sempre a nossa necessidade é o que a população espera, então essa mão tem que ser invertida. Fazer uma gestão participativa, transparente e acessível é o caminho.”
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