7 destaques das ações climáticas que antecederam a COP26
07 outubro 2021
- Com menos de um mês para a Conferência do Clima da ONU (COP26), confira sete pontos de ação climática que você precisa saber para garantir o sucesso da Conferência e assegurar o futuro climático do mundo.
- Neste compilado há desde desdobramentos das ações do mês de setembro sobre o clima, desde eventos na Assembleia Geral das Nações Unidas até os desenvolvimentos resultantes do evento Pré-COP que ocorreu na semana passada.
Setembro foi um mês crucial para os compromissos de ação climática, desde a semana da Assembleia Geral das Nações Unidas até a reunião final pré-COP, o mês foi um momento importante para ganhar impulso antes da decisiva Conferência do Clima da ONU (COP26), no início de novembro.
O serviço de notícias da ONU, UN News, reuniu em uma lista sete destaques relacionados à ação climática que você precisa estar ciente.
1. Bilhões destinados à energia limpa - Mais de 400 bilhões de dólares em novos financiamentos e investimentos foram prometidos por governos e setor privado durante o Diálogo de Alto Nível sobre Energia das Nações Unidas, a primeira reunião de líderes sobre energia sob os auspícios da Assembleia Geral da ONU em 40 anos.
Mais de 35 países, desde Estados insulares a grandes economias emergentes e industrializadas, assumiram novos compromissos energéticos significativos na forma de Pactos de Energia, ou Energy Compacts, em inglês.
É o caso por exemplo do No New Coal Compact (Pacto de Não às Novas Fontes de Energia de Carvão), que inclui o Sri Lanka, Chile, Dinamarca, França, Alemanha, Reino Unido e Montenegro. Os países envolvidos na coalizão se comprometeram, a partir do final de 2021, a interromper imediatamente a emissão de novas licenças para projetos de geração de energia e novas construções que envolvam o carvão.
Muitas outras iniciativas conjuntas foram anunciadas durante o evento, com o objetivo de fornecer e melhorar o acesso à eletricidade confiável, para mais de um bilhão de pessoas.
Você pode encontrar mais sobre os compromissos importantes aqui (em inglês).
2. Estados Unidos e China impulsionaram a ação climática - As duas maiores economias do mundo se comprometeram com ações climáticas mais ambiciosas durante a Semana de Alto Nível da Assembleia Geral.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que seu país aumentaria significativamente seu financiamento climático internacional para aproximadamente 11,4 bilhões de dólares por ano.
O presidente da China, Xi Jinping, também estabeleceu o compromisso de encerrar todo o financiamento de usinas termelétricas a carvão no exterior e redirecionar o apoio à geração de energia verde e de baixo carbono.
Embora os anúncios tenham sido bem-vindos, o secretário-geral da ONU sinalizou que ainda há "um longo caminho a percorrer" para fazer da Conferência do Clima da ONU (COP26), em Glasgow, um sucesso que garanta "uma virada em nossos esforços coletivos para lidar com a crise climática".
3. A Semana do Clima na África estimulou a ação regional - Pessoas em toda a África se reuniram virtualmente por vários dias para destacar a ação climática, explorar possibilidades e apresentar soluções ambiciosas.
Mais de 1.600 participantes se juntaram ativamente ao encontro virtual, com o governo anfitrião de Uganda reunindo governos em todos os níveis da região, bem como líderes do setor privado, especialistas acadêmicos e outras partes interessadas importantes.
A embaixadora regional da COP26 para a África e Oriente Médio, Janet Rogan, disse que a reunião permitiu que muitas partes interessadas construíssem novas parcerias e fortalecessem as já existentes.
“Somente trabalhando juntos podemos realmente ajudar a cumprir a ambição do Acordo de Paris, ao mesmo tempo que estamos cientes das oportunidades e desafios únicos que isso representa para a região”, insistiu Rogan.
Diversas agências da ONU estiveram envolvidas avaliando e coletando informações econômicas e climáticas no evento, como foi o caso do Banco Mundial, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), que por sua vez publicou seu primeiro balanço das florestas e paisagens da África, revelando que até 65% das terras produtivas estão degradadas, enquanto a desertificação afeta 45% da área terrestre da África.
A África contribuiu pouco para as mudanças climáticas, gerando apenas uma pequena fração das emissões globais. No entanto, pode ser a região mais vulnerável do mundo, já sofrendo com secas, inundações e invasões destrutivas de gafanhotos, entre outros impactos.
4. O Reino Unido, anfitrião da COP, pediu aos países que 'garantam o financiamento' - Logo no início da Assembleia Geral, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, convocou uma reunião de emergência para pressionar por mais ações sobre o financiamento do clima e outras medidas antes da COP26.
Os líderes mundiais abordaram as lacunas que permanecem nas ações necessárias dos governos nacionais no que diz respeito a mitigação, financiamento e adaptação do clima, especialmente nas potências industrializadas do G20.
O primeiro-ministro do Reino Unido advertiu que “a história julgará” as nações mais ricas do mundo se elas não cumprirem sua promessa de 100 bilhões de dólares em financiamento climático anual antes da COP26. Ele considerou seis em dez as chances de alcançar a meta de apoio antes de novembro.
Johnson também garantiu que “seu país liderará pelo exemplo”, mantendo o meio ambiente na agenda global e servindo como plataforma de lançamento para uma revolução industrial verde global. Mas advertiu: “Nenhum país pode virar a maré sozinho, seria o mesmo que salvar um transatlântico com um único balde”.
5. Compromissos com a reforma dos Sistemas Alimentares Globais - Os sistemas alimentares causam até um terço das emissões de gases de efeito estufa, até 80% da perda de biodiversidade e usam até 70% das reservas de água doce do mundo.
Ainda assim, sistemas sustentáveis de produção de alimentos não são, mas deveriam ser, reconhecidos como uma solução essencial para esses desafios existentes.
Em 23 de setembro, a primeira Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU reuniu líderes mundiais para estimular ações nacionais e regionais para transformar a maneira como produzimos, consumimos e descartamos nossos alimentos.
Tendo em vista o último relatório do IPCC, que gerou um "alerta vermelho" para o aquecimento global impulsionado pelo homem, a administração dos Estados Unidos, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, prometeu 10 bilhões dólares em cinco anos para enfrentar a mudança climática e ajudar a alimentar os mais vulneráveis sem esgotar os recursos naturais.
A Cúpula, que foi convocada pelo secretário-geral da ONU em 2019 para acelerar o progresso global, alavancou a importância interconectada dos sistemas alimentares e apresentou outros compromissos de mais de 85 chefes de Estado em todo o mundo.
Muitos países anunciaram iniciativas nacionais para garantir que seus sistemas alimentares atendessem não apenas às necessidades nutricionais de suas populações, mas também às metas relacionadas às mudanças climáticas, biodiversidade e meios de subsistência decentes para todos. Organizações empresariais e da sociedade civil também fizeram promessas importantes.
Confira os 231 compromissos assumidos clicando aqui (em inglês).
6. Chega de 'blá, blá, blá' - Há poucos dias quase 400 ativistas, com idades entre 15 a 29 anos, de 186 países se reuniram em Milão, na Itália, para acelerar o apelo por uma ação climática. Faltando semanas para a COP26, eles se destacaram por sua liderança jovem e por pressionarem por uma sociedade muito mais consciente com relação ao clima.
Greta Thunberg, junto com a ambientalista ugandense Vanessa Nakate, estiveram entre os palestrantes do evento Youth4Climate, organizado pela Itália e pelo Banco Mundial.
A ativista sueca criticou o discurso vazio de governantes mundiais. “Reconstruir de forma melhor. Blá, blá, blá. Economia verde. Blá blá blá. Emissões zero em 2050. Blá, blá, blá. Isso é tudo o que ouvimos de nossos ditos líderes. Palavras que parecem ótimas, mas até agora não levaram à ação. Nossas esperanças e ambições se afogam em suas promessas vazias”, lamentou Greta.
“Chega de conferências vazias, é hora de nos mostrar o financiamento”, acrescentou Nakate, referindo-se aos 100 bilhões de dólares em ajuda climática anual prometida pelas economias mais ricas do mundo para ajudar os países em desenvolvimento e vulneráveis ao impacto das mudanças climáticas.
“O que queremos? Queremos justiça climática agora”, destacou Greta, conhecida por inspirar uma série de greves climáticas de jovens em todo o mundo desde 2018.
A reunião de três dias foi finalizada com um documento conjunto a ser apresentado nas reuniões de negociação durante o evento de preparação da COP26, a Pré-COP, e posteriormente durante a conferência principal.
O chefe da ONU, António Guterres, agradeceu aos jovens por contribuírem com ideias e soluções antes da Conferência do Clima da ONU. Em uma mensagem de vídeo, Guterres reforçou: “Os jovens estão na vanguarda em apresentar soluções positivas, defendendo a justiça climática e cobrando responsabilidades dos líderes. Precisamos de jovens em todos os lugares que continuem levantando suas vozes ”.
7. Pré-COP merece atenção - Cada Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP) é precedida por um evento preparatório realizado cerca de um mês antes, denominado Pré-COP. A reunião é a oportunidade formal multilateral final para os ministros moldarem as negociações em detalhes antes da reunião em Glasgow em novembro.
O evento, este ano em Milão, começou em 30 de setembro e terminou em 2 de outubro e reuniu ministros do clima e da energia de um grupo selecionado de países para discutir e trocar opiniões sobre alguns aspectos políticos-chave das negociações e aprofundar alguns dos principais temas que serão tratados na COP26.
A reunião ocorreu poucas semanas depois que um relatório da ONU sobre Mudanças Climáticas revelou que as nações devem redobrar urgentemente seus esforços climáticos se quiserem evitar o aumento da temperatura global além da meta de 2 ºC do Acordo de Paris - idealmente 1,5 ºC - até o final do século.
As questões em Milão incluíram debates sobre: a redução das emissões para garantir que a meta 1.5 ºC permaneça alcançável; o fornecimento de financiamento e apoio aos países em desenvolvimento para capacitá-los a agir sobre as mudanças climáticas; melhores abordagens para evitar, minimizar e abordar perdas e danos de extremos climáticos; uma meta global de adaptação para diminuir a vulnerabilidade climática; o avanço dos aspectos técnicos necessários para que os países relatem suas ações climáticas e o apoio necessário ou recebido; o avanço de regras detalhadas para os mecanismos de mercado e não comerciais, pelos quais os países podem cooperar para cumprir suas metas de redução de emissões.